O País a penar e os grupos económicos com festim de 400 milhões no IRC

O PCP insiste na crítica à descida do IRC, entendendo que se trata de uma medida que só beneficia os grandes grupos económicos.

Descida do IRC tem como destinatários os grupos económicos

«Tanto que falta ao País, escolas sem professores e auxiliares, urgências de hospitais e centros de saúde sem médicos, enfermeiros e técnicos, tanta carreira e profissão por valorizar, salários para aumentar», sumariou o Secretário-Geral do PCP, apontando áreas onde os 400 milhões de euros de receita perdida pelo Estado poderiam ser aplicados para suprir tais necessidades, em vez da sua entregue de bandeja aos grupos económicos, «os tais que têm 32 milhões de euros de lucros por dia».

O tema foi introduzido no dia 11 por Paulo Raimundo no debate quinzenal com o primeiro-ministro, a quem desafiou a enumerar «uma que seja» - para além do aumento dos lucros -, das tão apregoadasvirtudesda descida há 10 anos do IRC em quatro pontos percentuais.

Na resposta, repetida foi a vaga e estafada concepção de que a descida dos impostos sobre a actividade das empresas visa conferir-lhes «maior capacidade para investir» e atrair outras para que se instalem no País. De concreto quanto a ganhos obtidos, porém, nada explicitou, ficando-se pela crença de que no futuro vamos crescer mais. O que levou, na réplica, o líder comunista a observar que nestes anos o que houve, sim, «foi a maior subida de lucros de que há memória».

Ao trazer esta matériapara primeiro plano do debate o líder comunistavoltouassim a vincar a oposição frontal do PCP ao Orçamento do Estado aplaudido pelos que, acusou, «exigem sempre menos Estado mas que vivem à custa de benefícios, regalias, transferências de dinheiro, isenções, recursos e outros expedientes que o Estado lhes confere».

Por outras palavras, «esses tais que mandam muito», sublinhou, encontrando aí razão para a «ampla maioria que a descida do IRC gerou» no Parlamento, com «PS, PSD, CDS, IL e Chega a ficarem na fotografia dos que falam muito dos pequenos para poderem beneficiar os grandes».

Bilha de gás como bem de luxo
O Secretário-Geral comunista confrontou ainda o primeiro-ministro com o preço exorbitante da botija de gás, lembrando-lhe que em Espanha custa 16 euros, enquanto em Portugal o custo «é, no mínimo, o dobro».

«Não lhe parece adequada a proposta do PCP de fixar em 20 euros a bilha do gás?»,inquiriu, por isso, sem deixar de admitir uma outra possibilidade: «Ou está mais preocupado com os dividendos que vão receber os accionistas da GALP e de outras grandes empresas do sector?» Perguntas que ficaram sem resposta, por falta de tempo do chefe do Governo, que ogeriu mal.

No início da sua intervenção, aludindo ao Mundial 2030, Paulo Raimundo instouainda o primeiro-ministro a «fazer tudo o que esteja ao seu alcance para retirar o País da submissão à Vinci», por forma a quehaja até àquela data, ironizou, «pelo menos uma pista aberta no Novo Aeroporto de Lisboa».

 



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