A vitalidade e o desgosto

A pro­xi­mi­dade com o Con­gresso do PCP jus­ti­fica uma breve re­senha de ex­pres­sões me­diá­ticas da ofen­siva ide­o­ló­gica que en­fren­tamos. O XXI Con­gresso, no final de 2020 e na sequência de de­ci­sões co­ra­josas com a re­a­li­zação da Festa do Avante!, foi alvo de ataque di­versos de ca­rácter an­ti­de­mo­crá­tico. A ca­pa­ci­dade já de­mons­trada de con­ju­gação entre o exer­cício de di­reitos fun­da­men­tais, como de in­ter­venção po­lí­tica e so­cial, e a res­pon­sa­bi­li­dade sa­ni­tária não travou acu­sa­ções de ir­res­pon­sa­bi­li­dade e pri­vi­légio. Re­cordem-se as peças la­te­rais ao Con­gresso a este pro­pó­sito e o efeito pre­ten­dido: atingir o pres­tígio do PCP na so­ci­e­dade por­tu­guesa e pro­mover fac­tores de re­jeição e afas­ta­mento.

Um ano de­pois, a ope­ração po­lí­tica em torno da pro­posta do Or­ça­mento do Es­tado para 2022 – que levou à de­cisão do Pre­si­dente da Re­pú­blica de con­vocar elei­ções an­te­ci­padas que per­mi­tiram a mai­oria ab­so­luta do PS – também contou com pre­ci­osos con­tri­butos me­diá­ticos. Fi­carão para os anais do ane­do­tário na­ci­onal epi­só­dios como o di­recto da ida de Mar­celo ao mul­ti­banco pagar as contas. Seria apenas ca­ri­cato, se não se in­se­rissem numa es­tra­tégia de dra­ma­ti­zação que per­mitiu o des­fecho elei­toral de­se­jado.

A cam­panha elei­toral que se se­guiu (como ou­tras, antes e de­pois) foi mar­cada pelo tra­ta­mento de­si­gual das can­di­da­turas, de que o mo­delo de or­ga­ni­zação dos de­bates te­le­vi­sivos foi exemplo mais claro. As prin­ci­pais es­ta­ções de te­le­visão in­sis­tiram num mo­delo que res­tringe a pos­si­bi­li­dade de con­fronto em con­di­ções de igual­dade entre can­di­da­turas, tra­tando elei­ções le­gis­la­tivas como uma dis­puta (ine­xis­tente) entre dois can­di­datos a pri­meiro-mi­nistro, com a pro­moção ob­jec­tiva de PS e PSD, sem es­quecer o papel de­sem­pe­nhado pelas son­da­gens (e pelas lei­turas que delas se fazem) no con­di­ci­o­na­mento das op­ções elei­to­rais de cada um.

No res­caldo de re­sul­tados elei­to­rais, re­pe­tiram-se “erros” inex­pli­cá­veis, com no­tí­cias que re­ti­ravam eleitos ao PCP, como nas úl­timas le­gis­la­tivas ou numa no­tícia que dava a CDU como der­ro­tada nas elei­ções re­gi­o­nais da Ma­deira de 2023 por ter per­dido re­pre­sen­tação par­la­mentar, quando, na ver­dade, tinha re­for­çado a sua vo­tação.

A agres­si­vi­dade an­ti­co­mu­nista atingiu ainda maior in­ten­si­dade a pro­pó­sito da de­núncia da es­ca­lada da guerra, da re­jeição da de­ses­ta­bi­li­zação e in­ge­rência im­pe­ri­a­lista, seja na Ucrânia, na Ve­ne­zuela ou no Médio Ori­ente. A este pro­pó­sito, a men­tira e de­tur­pação não co­nhe­ceram li­mites, com prá­ticas me­diá­ticas ina­cei­tá­veis. Fal­se­aram-se po­si­ções as­su­midas pelo PCP, acom­pa­nhadas de in­si­nu­a­ções em es­tilo “dizem uma coisa mas pensam outra”, e houve acu­sa­ções de ex­trema gra­vi­dade que, de­pois de a re­a­li­dade as des­mentir, nunca le­varam à re­tra­tação dos seus au­tores. Mesmo quando foi dado es­paço ao PCP em dis­curso di­recto, houve afir­ma­ções trun­cadas e ma­ni­pu­ladas, como re­co­nheceu a ERC a pro­pó­sito de uma peça da SIC sobre o co­mício do cen­te­nário do PCP, no Campo Pe­queno.

Sem me­no­rizar di­fi­cul­dades, o Con­gresso que amanhã abre portas será uma po­de­rosa de­mons­tração de vi­ta­li­dade e ca­pa­ci­dade de in­ter­venção, para des­gosto dos que tanto se em­pe­nharam em tentar des­truir o Par­tido Co­mu­nista Por­tu­guês.

 



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