O centenário do nascimento de Mário Soares, fundador e dirigente do Partido Socialista (PS), foi assinalado dia 6 na Assembleia da República com uma sessão solene evocativa na qual estiveram presentes altas individualidades do Estado, membros do Governo e o Presidente da República.

Intervindo em nome da bancada comunista, o deputado António Filipe, após saudar os filhos do homenageado e demais familiares, saudação que tornou extensível ao PS, lembrou que a centenária história do PCP, «que se confunde com a luta do povo português contra a opressão, pela liberdade, a democracia e o socialismo, cruzou-se ao longo de muitas décadas com a acção política de Mário Soares, em lutas comuns contra o fascismo, em momentos de confronto sobre os caminhos a seguir pela Revolução portuguesa, em convergências e divergências»

António Filipe não deixou de anotar que tal reconhecimento «não apaga o que nunca silenciámos na crítica e também no combate ao papel negativo» que o mesmo desempenhou «para travar a Revolução e viabilizar o processo contra-revolucionário, na sua opção de procurar o apoio para a sua acção nas forças de direita e mesmo em quem a partir do estrangeiro conspirou contra Abril e a jovem democracia».

Depois de enumerar alguns dos principais factos que nos últimos 50 anos marcaram a relação do PCP com a acção política de Mário Soares – contestação e combate às suas opções políticas nos governos que liderou -, o deputado comunista referiu-se aos seus últimos anos de vida como tendo sido os de um homem que «desenvolveu uma intervenção política intensa, com elementos diferenciados, que, no entanto, não eliminam opções cujas consequências negativas são hoje visíveis na realidade do País».