Governo dos oligarcas para os oligarcas

António Santos

A nova administração da Casa Branca vai tomando forma como um governo de oligarcas em que a lealdade absoluta a Trump é o principal requisito. Trata-se do elenco mais volátil do último século, mas uma coisa já é certa: não vai correr bem.

A bilionária Linda McMahon foi nomeada como Secretária de Estado da Educação. A antiga estrela e empresária da luta livre nunca teve qualquer ligação à educação, mas nada disso importa: o seu papel é encerrar a Secretaria de Estado a que preside e entregar a chave aos Estados e aos colégios privados.

O bilionário Chris Wright será o novo Secretário da Energia. Não tem qualquer experiência ou conhecimentos técnicos na área que tutela, mas é dono da empresa Liberty Energy, especializada em extracção de combustível por fracturamento hidráulico, também conhecido por fracking, um procedimento ambientalmente perigoso.

Os bilionários Elon Musk, homem mais rico do mundo graças às minas de diamantes do pai e a subsídios estatais, e Vivek Ramaswamy, especulador da indústria farmacêutica, estarão à frente do Departamento de Eficiência Governamental. O departamento terá o objectivo de reduzir o número de agências federais de 450 para 95, despedindo dezenas de milhares de trabalhadores, eliminando regulamentação essencial e poupando dois biliões de dólares através da destruição completa de dezenas de programas de assistência social, como o apoio alimentar e habitacional.

O bilionário Mehmet Oz, personalidade da televisão e dono de uma empresa de saúde privada, estará à frente dos dois últimos grandes programas de saúde pública, o Medicare e o Medicaid. Sem qualquer experiência política ou de gestão, este “médico da televisão” ficou conhecido por promover a ideia de que a cebola roxa cura o cancro e que é possível prever problemas de saúde através da astrologia. Agora está incumbido de privatizar a agência pública que lidera, beneficiando o seu próprio negócio privado.

O fascista Marco Rubio será Secretário de Estado. Senador da mais ultramontana extrema-direita “gusana” da Florida, o “primeiro Secretário de Estado latino” defende o aperto do garrote vil que bloqueia as economias de Cuba, da Venezuela e da Nicarágua e apela publicamente ao assassinato do presidente Nicolás Maduro.

Thomas Homan será o “Czar das Fronteiras”. O antigo deportador chefe de Obama promete deportar agora 13 milhões de trabalhadores sob a égide de Trump. Durante a campanha, o “Czar” falou em «redadas de massas» para «caçar imigrantes ilegais», em manter as famílias detidas separadas como elemento dissuasor da imigração e construir gigantescos campos de concentração à margem da lei.

A oligarquia que se aninha em Trump está prestes a formar o governo mais caótico, imprevisível e fascizante da História dos EUA. Trará certamente insuportáveis doses de sofrimento e crueldade a milhões de trabalhadores dos EUA e de outros países do mundo, mas também corporizará o momento mais desorganizado e ineficiente do declínio hegemónico imperial.

 



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