A caminho do XXII Congresso

Francisco Lopes (Membro do Secretariado e da Comissão Política)

Temos razões para nos orgulharmos do Partido a que pertencemos

Estamos a caminho do XXII Congresso do PCP nas condições, exigências e perspectivas de Portugal e do mundo neste final de 2024. No Congresso do Partido é analisado e perspectivado um amplo quadro da realidade e da intervenção que dela decorre e mais uma vez isso se verifica, mas destaca-se o Partido, a sua identidade, o seu papel, a sua organização e intervenção.

As condições que enfrentámos nos últimos anos, influenciadas pelo poder instalado do grande capital com fortíssimos meios de condicionamento, manipulação e desinformação, foram particularmente duras. Os efeitos profundos da epidemia de COVID-19 e da operação ideológica que em torno dela se desenvolveu, com impactos prolongados no comportamento individual, nas relações entre as pessoas, na acção colectiva, tiveram também reflexos no funcionamento do Partido. A campanha relativa ao Orçamento do Estado de 2022, a manipulação em torno da guerra na Ucrânia, as campanhas sistemáticas por o PCP seguir uma opção independente, de solidariedade com os povos que resistem ao imperialismo e afirmam a sua soberania, são algumas das mais significativas operações ideológicas destes anos.

O Partido enfrentou esta situação e resistiu a tudo isto, mas agir nestas circunstâncias não deixa de ter consequências. Consequências no plano da influência eleitoral, na influência social, na influência política, na influência ideológica, consequências também no próprio Partido. Não é um fatalismo, é uma realidade objectiva que importa enfrentar e superar, ultrapassando insuficiências que se registam em vários domínios, sem ilusão de facilidades.

Olhando para o caminho percorrido de mais de 100 anos, olhando para os últimos anos, temos razões para nos orgulharmos do Partido a que pertencemos, da sua identidade, da sua resistência, da sua coragem política, ideológica e de acção.

 

Garantir o papel de vanguarda

O tempo em que vivemos e em que vamos agir vai continuar a exigir essa resistência e coragem. Vai exigir um partido preparado para a luta nas condições em que actuamos, um partido mais forte. A Conferência Nacional “Tomar a iniciativa, reforçar o Partido, responder às novas exigências” afirmou um sentido acrescido da ligação às massas, do trabalho de mobilização dos trabalhadores e das populações, do estilo de trabalho dum Partido capaz de resistir e de tomar a iniciativa. Tudo isso está apontado para a abordagem no debate em curso de preparação do XXII Congresso e para reafirmação nas suas conclusões.

Mas é preciso mais. Nas actuais circunstâncias, é necessário e importante, em ligação com a iniciativa e o trabalho de massas, trazer ao Partido novos militantes, integrá-los na vida partidária, renovando e rejuvenescendo, fortalecendo e criando estruturas e áreas de intervenção. Nas actuais circunstâncias, assume no entanto uma importância essencial a questão dos quadros, a estruturação e o funcionamento da organização.

A inscrição nas Tesesprojecto de Resolução Política, em discussão em todo o Partido, do objectivo de promover e concretizar um movimento geral de reforço do trabalho de direcção e estruturação, articulado com a responsabilização de quadros, com uma avaliação da realidade concreta das prioridades do trabalho do Partido, da situação dos quadros e da organização, tendo nas circunstâncias actuais como maior prioridade os quadros, a sua determinação, resistência, iniciativa, participação militante e preparação política e ideológica tem assim um particular significado.

Uma linha de trabalho que integra nos seus objectivos contribuir para o reforço das organizações de base, em particular das células de empresa e local de trabalho e é indissociável duma visão integrada do reforço do Partido, envolvendo todas as suas dimensões, da militância à luta ideológica, da propaganda e imprensa à independência financeira.

Trata-se de garantir o papel de vanguarda do Partido, a sua independência política e ideológica, a sua capacidade de intervenção e mobilização em condições muito exigentes, para a concretização dos seus objectivos e projecto a que a situação em Portugal e no mundo dá acrescida actualidade.



Mais artigos de: Opinião

Dignidade

A Assembleia Geral das Nações Unidas debatia, nos dias 29 e 30, o relatório que é apresentado anualmente por Cuba sob o título “Necessidade de acabar com o bloqueio económico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos da América contra Cuba”. Pela 32.ª vez uma ampla maioria de países terá exigido na ONU o fim...

Imoralidades

Guy Zeken é um militar israelita regressado há meses de Gaza, onde manobrava uma escavadora. O seu colega, Ekliran Mizrahi, suicidou-se pouco depois de voltar: «Vimos coisas muito, muito, muito difíceis (…). Coisas que são difíceis de aceitar», salientou no parlamento israelita, onde recordou que os soldados, com...

Para que as coisas não continuem assim

O Jornal de Notícias de 24 de Outubro informava que «há famílias a avisar jardins de infância privados de que vão retirar os filhos de três anos, porque não conseguem continuar a pagar as mensalidades». Por sua vez, a presidente da Associação de Creches e de Pequenos Estabelecimentos de Ensino Particular referia que «há...

Desescalada?

Israel bombardeou o Irão na madrugada de sábado passado. A atenção mediática internacional esteve centrada em mais uma provocação de Israel visando a guerra total no Médio Oriente. Perante a dimensão e os reais efeitos do ataque, e tendo em conta a reacção política das autoridades iranianas, vários comentadores afirmaram...

Educação sexual

O primeiro-ministro destacou no Congresso do PSD a necessidade de «libertar a disciplina (de Cidadania) das amarras de projectos ideológicos ou de facção». Para lá de ser uma cortina de fumo para impedir a discussão dos verdadeiros problemas da escola e do País, esta proposta tem o mérito de revelar a verdadeira face,...