BRICS prepara cimeira em Kazan a primeira com os novos membros

A cidade russa de Kazan acolhe, entre 22 e 24 deste mês, a 16.ª cimeira do BRICS. Estáanunciada a presença de32 países, 24 dos quais estarão representados ao mais alto nível. Esta é a primeira cimeira com os quatro novos membros do grupo.

Com a nova composição, o BRICS representa quase metade da população mundial

A Rússia assume a presidência desta organização intergovernamentalem 2024, ano em que mais quatro países aderiram à organização: Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Egipto e Irão – que se juntaram a Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A Arábia Saudita continua a participar como país convidado. Com a sua nova composição, o BRICS representa já quase metade da população mundial e um quinto do comércio global.

Para além dos 9 membros efectivos, mais de 30 outros já expressaram a intenção de colaborar com o grupo das mais diversas formas. Entre eles contam-se: Argélia, Azerbaijão, Bangladeche, Barein, Bielorrússia, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Gabão, Indonésia, Kuwait, Malásia, Nigéria, Paquistão, Palestina, República Democrática do Congo, Senegal, Tailândia, Venezuela ou Vietname. Também a Turquia manifestou essa intenção, sendo o primeiro Estado membro da NATO a fazê-lo.

Entre eles, vários solicitaram já a sua adesão e outros pretendem o estatuto de “país parceiro”, nova forma de integração parcial, destinada a funcionar como transição gradual para uma eventual adesão total, a consumar posteriormente. Cuba reafirmou há dias o desejo de ser “país parceiro” do BRICS.

A Rússia denunciou recentemente as pressões exercidas por entidades terceiras sobre alguns dos países – sobretudo africanos – que pretendem participar na cimeira de Kazan. E reafirmou que, ao contrário do que foi sugerido no The Times (de que «o alargamento do BRICS deve preocupar a NATO»), o grupo não vai transformar-se num bloco militar. Aliás, acrescentou, o BRICS não é sequer uma organização internacional ou uma estrutura de integração, mas uma «união multinacional de membros iguais».

Diálogo e cooperação
Esta cimeira realiza-se num momento em que os países que integram o BRICS estão a trabalhar para criar o seu próprio sistema internacional de transações e pagamentos, à margem daquele que é controlado pelo imperialismo (e do qual estão total ou parcialmente excluídos alguns dos países do BRICS). Em cimeiras anteriores foi também já decidido reduzir o peso do dólar nas transações entre membros do BRICS, passando a fazê-las nas respectivas moedas nacionais, por exemplo, no caso das transações entre a Rússia e a China, mais de 95 por cento são já feitas em rublos ou iuanes.

Fundado em 2006 por Brasil, China, Índia e Rússia, e alargadoem 2011à África do Sul, o BRICS tem como objectivo «promover o diálogo e a cooperação entre os países» visando o desenvolvimento comum. A cooperação abrange diversas áreas – economia, comércio, energia, agricultura, educação, saúde, infra-estruturas, cultura, desenvolvimento urbano. Foi recentemente aprovado pelo Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), do qual são parte os países membros do BRICS, um avultado empréstimo para financiar o desenvolvimento da rede de água e saneamento da África do Sul. Criado em 2015, o NBD é presidido actualmente pela antiga chefe de Estado brasileira, Dilma Rousseff.

 



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