No centenário de Laura Serra evoca-se uma vida imensa e dedicada

Laura Serra faria, no dia 14 de Outubro, 100 anos. Militante comunista, resistente antifascista, é mais um exemplo para a acção actual e futura do PCP: dedicada, disciplinada, corajosa, confiante na luta e na vitória. Faleceu em 2021, com 96 anos.

«Se tivesse que voltar atrás, voltaria a fazer exactamente o que fiz»

Com um profundo sentido do dever e responsabilidade, Laura Serra dedicou-se abnegadamente a uma luta incessante nas condições de brutalidade e repressão fascistas, pela libertação do País das garras do fascismo, com a esperança numa sociedade nova, liberta da exploração do homem pelo homem.

Nascida no bairro da Ajuda, em Lisboa, filha de uma família operária e com cinco irmãos, Laura dos Santos Correia Serra muito cedo começou a trabalhar como costureira. Em 1947 aderiu ao PCP e nesse mesmo ano entrou para o quadro de funcionários do Partido, mergulhando na clandestinidade com Jaime Serra, seu companheiro de vida e de tarefas partidárias.

Desde essa altura até 1958 e de 1960 até ao 25 de Abril de 1974, assumiu responsabilidades de defesa e vigilância em casas clandestinas, especialmente em Lisboa, Porto e Coimbra. Entre os anos de 1958 e 1960 teve trabalho de organização, assumindo a responsabilidade de acompanhamento de células de empresa no sector têxtil, no Norte do País, incluindo a tarefa de controlar casas clandestinas na região do Porto.

Foram anos, décadas, de vida clandestina, no sobressalto da repressão, em que enfrentou as prisões do seu companheiro e os períodos sucessivos de dolorosa separação dos seus filhos, nascidos na clandestinidade. Agentes da PIDE assaltaram-lhe a casa onde vivia com as filhas e o companheiro, preso entretanto, e por lá ficaram durante três dias, acabando por prender Laura com as filhas, de quem se negou a separar, assumindo atitude de grande coragem. Mantiveram-na presa durante mais três dias, acabando por a libertar, tendo vivido em casa de família durante algum tempo. Mulher corajosa, persistente e determinada, sairia da vida clandestina apenas no momento libertador da Revolução de Abril, prosseguindo a sua militância sempre com grande dedicação.

Convicta, corajosa, alegre

Após o 25 de Abril, assumiu tarefas na Comissão de Extinção da PIDE-DGS. Posteriormente, assumiu trabalho de apoio aos organismos de direcção das organizações regionais de Setúbal e da Beira Litoral. Integrou o Gabinete Central de Organização, entre outras tarefas centrais.

Laura Serra viveu uma vida intensa. Abraçou a causa da luta do Partido Comunista Português nas circunstâncias mais rigorosas, tomando as opções mais difíceis, com uma dedicação profunda. Uma opção de vida, de luta, de uma mulher comunista, dedicada, de características fraternas e de camaradagem, responsável na realização de todas as tarefas que assumiu.

Em 1975, numa entrevista concedida a Gina de Freitas, para o livro A Força Ignorada das Companheiras, Laura Serra afirmou: «se tivesse que voltar atrás, voltaria a fazer exactamente o que fiz, com a mesma coragem e a mesma confiança de que havíamos de vencer».

São testemunhos como o de Laura Serra que honram o PCP e os seus militantes: exemplos de convicção e compromisso, de alegria e de caminhos de luta revolucionária contra a exploração, pela democracia e pelo socialismo.

 



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