O conceito de transparente em Pinto Luz
A expressão escolhida por Pinto Luz depois de conhecer o relatório da Inspecção Geral de Finanças (IGF) foi: «Nada há a esconder, foi tudo transparente.» E promete a mesma transparência para o processo de privatização em curso. Vejamos então o conceito de transparência de Pinto Luz:
- Tanto a IGF como a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) apontam, e hoje, os próprios envolvidos o reconhecem, que o Governo em 2015 sabia que a TAP estava a ser comprada com dinheiro da própria TAP. Mas na altura, disso não informaram o País, nem sequer a Assembleia da República, nem muito menos a Comunicação Social.
- A TAP em 2015 foi vendida a David Neeleman, como hoje TODOS reconhecem. No entanto, essa venda, a um não nacional de um país da UE, seria ilegal. Assim o governo fingiu na altura que a TAP fora vendida a Humberto Pedrosa e a UE e a Comunicação Social fingiram acreditar.
- A TAP foi vendida porque precisava URGENTEMENTE de ser capitalizada, como andaram anos a dizer os membros do Governo e da Administração da TAP e a Comunicação Social amplificou alegremente. Hoje está demonstrado que os compradores da TAP não a capitalizaram, antes se capitalizaram com ela. Que David Neeleman não só não colocou 226 milhões na TAP como ainda conseguiu retirar, pelo menos, 55 milhões sem qualquer justificação.
- Perante um relatório da IGF que responsabiliza os membros do anterior governo PSD/CDS, mas também o actual Secretário-Geral do PS, a resposta do PSD é a de que estamos perante uma cabala política. Isto depois da Auditoria do Tribunal de Contas à privatização da ANA ter merecido o mesmo tratamento – outra cabala política.
Ora o quinto processo de privatização da TAP ainda mal começou, e este é o patamar de transparência que nos prometem! A prática tem sido sempre pior que o prometido, pelo que se pode facilmente imaginar o absoluto desastre que aí vem. Se a privatização de 1998 custou ao país cerca de 300 milhões, e a de 2015 cerca de 700 milhões, de certeza que queremos esperar para saber quanto custará a próxima?