Venezuela reafirma rejeição de ingerências estrangeiras

Na Venezuela, no momento em que decorre o apuramento do processo eleitoral, nos termos da Constituição Bolivariana, incluindo com a entrega das actas das mesas de voto e as audições aos partidos políticos pelo supremo tribunal, e quando já mais de quatro dezenas de países reconheceram os resultados eleitorais e Nicolás Maduro como Presidente reeleito, prossegue a actividade golpista com a tentativa de desestabilização do país, com o apoio e sob a ingerência dos EUA e seus aliados.

Instituições da Venezuela são as únicas com legitimidade para decidir assuntos que concernem ao seu povo

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, considerou escandaloso o não acatamento por Edmundo González, ex-candidato da extrema-direita, da convocatória enviada pela Sala Eleitoral do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ).

Depois de ter, na sexta-feira, 9, comparecido perante o TSJ e respondido ao inquérito judicial que ele próprio solicitou, Maduro assinalou que apenas um dos 10 candidatos presidenciais faltou à chamada do tribunal e ao cumprimento da lei. «É pública, notória e escandalosa a ausência de González e dos três partidos que o apoiam e a sua opção de não reconhecer tudo que tenha a ver com actas e material eleitoral», disse. E considerou que esse candidato se recusou não só a cumprir o determinado pela justiça como também a dar a cara, já que «está escondido, manda os capangas matar, queimar e dar um golpe de Estado mas não mostra a cara ao país».

Maduro realçou que se colocou à disposição de todos os órgãos judiciais do país para que, em relação ao processo eleitoral de 28 de Julho e aos resultados das urnas, investiguem o que se passou e «emanem a verdade e com verdade se faça justiça perante este golpe contra o Estado, um ataque criminoso, violento e fascista».

O presidente acusou os golpistas de tentar provocar no país uma espiral de violência, para depois apelarem à intervenção estrangeira e tratar de destruir, a partir do interior, a Constituição e acabar com a estabilidade e a paz na Venezuela. Reiterou que as únicas instituições com competência soberana para elucidar essa tentativa de golpe de Estado e desestabilização são o Conselho Nacional Eleitoral e o TSJ.

Amplo apoio popular e das Forças Armadas
No sábado, dia 3 de Agosto, o povo da Venezuela saiu às ruas em gigantesca manifestação popular em Caracas e outras mais de cem cidades e localidades da Venezuela para saudar a vitória do candidato do Grande Pólo Patriótico, Nicolás Maduro.

Também a Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) e os Corpos Policiais da Venezuela rejeitaram de forma contundente o que chamaram «desesperadas e sediciosas afirmações formuladas através das redes sociais por dois líderes da oposição».

Um comunicado conjunto, do dia 6, assinado pelos titulares da FANB e do Ministério das Relações Interiores, Justiça e Paz, refere-se ao apelo divulgado na véspera pelo ex-candidato presidencial Edmundo González e a ultradireitista María Corina Machado, que incitaram as forças armadas à sublevação armada.

O documento afirma que esses opositores que hoje se apresentam como democratas têm uma longa e obscura trajectória como promotores de acções radicais e absolutamente anticonstitucionais, antidemocráticas, contrárias a todas as leis e aos mais elevados interesses do povo da Venezuela. Menciona, a propósito, o apelo à intervenção militar no sagrado território da pátria, o pedido de medidas coercivas unilaterais e o apoio de tudo o que conforma a guerra híbrida que o império norte-americano e os seus aliados impuseram à Venezuela desde há mais de uma década. Por isso, «resulta ostensivamente cínico que, agora, esta facção insurrecional da oposição política venezuelana procure revestir-se de um manto de legalidade que nunca praticou», realça.

A nota denuncia que esta corrente fascista «continua a tentar fazer valer a tese de uma vitória eleitoral que pretendeu construir na base de falsas sondagens e de uma campanha mediática orquestrada para criar expectativas fictícias num sector da população, que querem continuar a enganar e manipular».

Reitera que as eleições presidenciais «efectuaram-se sob altíssimos padrões de transparência, com a presença de mais de 900 observadores internacionais e representantes de todos os candidatos presidenciais inscritos». Sublinha que as eleições constituíram «uma extraordinária demonstração de civismo, em relação às quais o Poder Eleitoral, embora sob ataque cibernético, e sendo a única entidade constitucionalmente habilitada a fazê-lo, emitiu os correspondentes resultados». E ressalta que, a referida oposição procura agora manchar o referido processo eleitoral mediante o conhecido roteiro da violência.

A FANB e o Ministério das Relações Interiores, Justiça e Paz expressam que os opositores recorrem a «bandos criminosos de quarta geração com os quais estabeleceram alianças para controlar o poder político que não conseguiram alcançar com os votos». Consideram uma ofensa que González e Machado tentem dirigir-se aos efectivos militares e policiais, a quem sempre desprezaram, incitando-os a desobedecer às leis e, ironicamente, exortando-os a pôr-se ao lado da história e do povo.


«Golpe suave» fracassou

Um «golpe suave» na Venezuela, contra o governo do presidente Nicolás Maduro, golpe patrocinado pelos EUA e apoiado por meios de comunicação controlados pela direita, foi denunciado pelo politólogo argentino Atilio Borón.

O objectivo dessa manobra é provocar uma crise política e social, fomentar distúrbios, violência e gerar um caos que propicie uma eventual intervenção de tropas mercenárias contratadas pelo Pentágono para conseguir a ansiada mudança de regime que permita que a maior reserva mundial de petróleo passe para as mãos de Washington, advertiu o analista no Página 12, de Buenos Aires.

Além disso, opinou que «a participação da oposição nas eleições foi só um pretexto para alegar fraude com meses de antecipação e provocar a violência que desencadeou no dia seguinte à votação contratando bandos armados para que semeassem o terror e a destruição nas ruas».

O Ministério dos Negócios Estrangeiros venezuelano criticou o governo dos EUA por não reconhecer a vontade democrática do povo, que reelegeu Nicolás Maduro com 51,59 dos votos. Sublinhou, ademais, que a República Bolivariana é uma nação soberana, com instituições sólidas, que «são as únicas com legitimidade para decidir os assuntos que concernem ao seu povo sem nenhum tipo de ingerência estrangeira».

Borón questionou os que atacam o sistema eleitoral do país e alertou para o desenvolvimento de uma forte campanha de difamação. «O Grande Pólo Patriótico já apresentou as actas das eleições. (…) O ataque informático sofrido provocou a demora no conhecimento dos resultados e afectou a transmissão dos dados, mas não os conteúdos encriptados das mensagens, apoiados pelos comprovativos que cada máquina eleitoral emite e que são assinados pelos fiscais e presidentes de mês. Por isso se diz que esse sistema eleitoral é dos mais confiáveis e transparentes do mundo», realçou.

«Quem não apresentou as actas foi a Plataforma de Unidade Democrática, de González, e a questão, segundo essa força política, é que têm apenas 9.400 actas das 30.400 que constituem o censo eleitoral. Para cúmulo, muitas são falsas ou inválidas. Em suma: trata-se de uma tosca fabricação de dados que de maneira nenhuma maneira pode sustentar uma alegada vitória», denunciou.



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