Mali e Níger acusam Ucrânia de apoio aos terroristas
O Mali e o Níger cortaram relações diplomáticas com a Ucrânia e solicitaram ao Conselho de Segurança das Nações Unidas que investigue o apoio de Kiev a grupos terroristas que actuam no norte maliano e noutras zonas do Sahel.
Kiev forneceu informações militares, obtidas por EUA e França, a grupos terroristas que operam no norte maliano
Os governos do Mali e do Níger cortaram relações diplomáticas com a Ucrânia, acusando Kiev de apoiar grupos de terroristas que operam na região do Sahel.
Bamako e Niamey recorreram ao Conselho de Segurança das Nações Unidas pedindo que investigue declarações de responsáveis e diplomatas ucranianos sobre o apoio de Kiev a bandos armados no norte maliano.
O chefe adjunto da comissão de segurança e defesa do parlamento do Mali, Fousseynou Ouattara, questionou, em declarações à imprensa, a capacidade da Ucrânia de prestar ajuda em matéria de informações aos grupos terroristas no norte do Mali sem a ajuda do Ocidente, em particular dos Estados Unidos da América e da França. O deputado considera que a ruptura de relações com Kiev não acarretará consequências significativas nem para o Mali nem para o Níger, já que são laços pouco importantes.
Um porta-voz do governo de Bamako, o coronel Abdoulaye Maiga, informou, entretanto, que a decisão do corte de relações com Kiev «é acompanhada de uma queixa à justiça internacional e de uma advertência aos partidários de Kiev».
Também o Níger acusou a Ucrânia de proporcionar auxílio a facções envolvidas em combates no norte do Mali entre o exército maliano, enquadrado por assessores russos, contra separatistas tuaregues e extremistas ligados à organização terrorista internacional Al-Qaeda.
Vários países da África Ocidental, entre os quais Senegal, Guiné, Guiné-Bissau, Costa do Marfim e Libéria, expressaram o seu apoio ao governo maliano e condenaram a participação ucraniana no ataque, em finais de Julho, na localidade de Tinzawatene, contra tropas governamentais do Mali, que sofreram pesadas baixas.
O Mali e o Níger, mais o Burkina Faso, estão ligados por um acordo colectivo de defesa e formaram em finais de 2023 a Aliança dos Estados do Sahel, depois dos três países terem abandonado a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (Cedeao), que acusaram de servir interesses ocidentais.