MPPM denuncia cooperação entre Portugal e Israel na área da saúde
O Movimento Pelos Direitos do Povo Palestino e Pela Paz no Médio Oriente (MPPM) está indignado com a possível preparação de uma reunião entre os ministérios da Saúde de Portugal e de Israel.
Número de mortes na Palestina pode ascender os 186 mil
A reunião, para discutir potenciais áreas de interesse para cooperação futura entre os dois países, estará agendada para o início do próximo mês de Setembro e, a confirmar-se, realiza-se «num momento em que Israel leva a cabo um genocídio contra o o povo palestino, particularmente na Faixa de Gaza», o que «não pode deixar de causar indignação» ao MPPM.
Em comunicado de 31 de Julho, o Movimento faz notar que a Organização Mundial da Saúde (OMS), no seu mais recente relatório sobre a situação na Palestina, referente ao período de 7 de Outubro de 2023 a 22 de Julho de 2024, regista, como consequência da agressão militar israelita na Faixa de Gaza, 39 090 mortos, 90 147 feridos e 10 mil palestinianos desaparecidos; 492 ataques a unidades de saúde que causaram, entre o pessoal de saúde, 747 mortos, 969 feridos e 128 detidos; 109 unidades de saúde, das quais 32 hospitais, afectadas e 62 ambulâncias danificadas; 20 hospitais e 59 unidades de cuidados de saúde primários destruídos; 1 821 739 casos de doenças contagiosas.
No mesmo período, no que se refere à Cisjordânia e a Jerusalém Oriental, a OMS regista 578 mortos e 5537 feridos palestinianos; 512 ataques a unidades de saúde, que causaram 23 mortos e 98 feridos; 58 unidades de saúde, entre as quais 20 clínicas móveis, bem como 350 ambulâncias, foram afectados.
«Os ataques a unidades e pessoal de saúde, ao cercearem a capacidade de socorro e tratamento dos doentes e feridos, são uma arma utilizada por Israel para ampliar os efeitos dos seus, já de si letais, ataques», acusa o MPPM, que cita um artigo publicado na prestigiada revista médica «The Lancet», onde se estima que o número de mortes, directas e indirectas, causadas pelo presente conflito na Faixa de Gaza, ainda que cessasse aos dias de hoje, pode ascender a 186 mil devido, nomeadamente, à proliferação de doenças, à fome, à sede e à falta de abrigo.
«Causa horror e repulsa a ideia de que é junto dos responsáveis por esta catástrofe humanitária que o Ministério da Saúde português procure oportunidades de cooperação futura», acusa o Movimento, exigindo-lhe, em nome do mais elementar sentido de humanidade, que se abstenha do estabelecimento de relações institucionais com entidades de Israel enquanto persistir a prática, por este país, das acções criminosas em que está envolvido na Palestina e da sua sistemática violação do direito internacional e do direito humanitário internacional.
Pergunta ao Governo
Também os deputados do PCP na Assembleia da República consideram «inaceitável» a realização da aludida reunião entre os ministérios da Saúde dos dois países e interrogam o Governo se «confirma a informação» avançada pelo MPPM e que «relações mantém o Ministério da Saúde e seus organismos com instituições similares de Israel?». «Perante os sucessivos massacres do povo palestiniano levados a cabo por Israel e à luz do
processo em apreciação no Tribunal Internacional de Justiça, designadamente com a acusação de crime de genocídio contra o Estado de Israel, que implicações tem esta realidade nas relações do Governo com as autoridades de Israel?», perguntam os deputados comunistas.