Rumo ao XXII Congresso

Jaime Toga (Membro da Comissão Política)

Como muitas vezes dizemos, «não fechamos para Congresso»

O Comité Central avançou na discussão e definição de objectivos para a preparação do XXII Congresso do PCP, a realizar nos próximos dias 13, 14 e 15 de Dezembro, apontando à necessidade de planificar o envolvimento das organizações e do colectivo partidário, em paralelo com a resposta necessária ao conjunto das tarefas que nos estão colocadas.

Evidenciando os traços principais do desenvolvimento do capitalismo e da situação internacional, identificando o desenvolvimento do processo de integração capitalista da União Europeia e a evolução da situação nacional, sublinha os perigos e potencialidades que decorrem dos desenvolvimentos em curso nos planos político, económico e social, convocando militantes e organizações a assumirem o papel de vanguarda do PCP enquanto força determinante na luta pela alternativa e na agregação de democratas e patriotas que aspiram à ruptura com a política de direita e identificam nos valores de Abril o rumo de desenvolvimento e progresso que o País reclama.

Como muitas vezes dizemos, «não fechamos para Congresso». Significa isto que, enquanto o preparamos, não deixamos de cuidar da acção partidária e do reforço da organização, assim como não podemos descuidar do reforço das organizações de massas e do desenvolvimento da luta. O Congresso prepara-se e concretiza-se de forma integrada com as tarefas que temos pela frente, preparando a Festa do Avante! e concentrando esforços na concretização das linhas de trabalho emanadas da Conferência Nacional.

Em movimento

É por isso que, enquanto o Governo se multiplica em anúncios, procurando criar uma falsa ideia de que está a resolver problemas – quando na verdade os quer perpetuar, alargando cada vez mais o favorecimento dos grupos económicos –, ao Partido aponta-se o objectivo de intensificar a intervenção e tomar a iniciativa em torno dos problemas concretos: pela valorização do trabalho e dos trabalhadores, pela melhoria das condições de vida das populações e defesa dos serviços públicos e funções sociais do Estado.

É igualmente por isso que as razões de luta são muitas e as condições para o seu desenvolvimento e intensificação crescem, como comprova a Semana de esclarecimento, acção e luta que a CGTP-IN promoveu e que se projecta por muitos locais de trabalho e sectores de actividade, reclamando dos comunistas também empenho e envolvimento, colocando o aumento geral e significativo dos salários como emergência nacional, denunciando a injustiça na distribuição da riqueza que é criada pelos trabalhadores, afirmando que os salários não são um custo.

É também por isso que a nossa intervenção nas instituições se distingue de todos os outros – no Parlamento Europeu, na Assembleia da República, nas autarquias. São os eleitos comunistas e os seus aliados da CDU que põem o foco da sua acção nos problemas concretos das pessoas e não na espuma dos dias como fazem os executantes da política de direita e outros. Somos nós que recusamos as imposições externas e a submissão ao grande capital; que contrapomos a defesa da paz ao militarismo e à instigação da guerra; que fazemos das instituições um espaço de denúncia e combate às injustiças e desigualdades; que defendemos a valorização de salários e reformas, os direitos das crianças e pais; que combatemos a xenofobia e o racismo; que defendemos o direito à habitação e combatemos a especulação; que defendemos o SNS e combatemos o negócio da doença.

São os comunistas e os seus aliados da CDU que, designadamente no Poder Local, têm um percurso distintivo, que orgulhosamente transporta a consigna do «trabalho, honestidade e competência.

É agora que as respostas são necessárias

É ainda por isso que quando uns (para sacudir responsabilidades) e outros (por mero cálculo eleitoral) procuram só falar das próximas eleições, nós dizemos que as respostas aos problemas das populações não podem ser adiadas para depois das próximas eleições autárquicas. É agora que as pessoas precisam de serviços públicos reforçados, que precisam das freguesias repostas. É agora que precisamos de combater e reverter o processo de privatização da água que os executantes da política de direita têm em curso pelo País. É agora que os trabalhadores das autarquias precisam de ver os seus direitos reconhecidos e as carreiras valorizadas. É agora que precisamos de reverter o processo de transferência de encargos e concretizar a regionalização.

É agora que se responde aos problemas, tomando a iniciativa, reforçando o Partido, desenvolvendo a luta… é este o caminho que temos, rumo ao XXII Congresso, dando corpo ao lema «Força de Abril. Tomar a iniciativa, com os trabalhadores e o povo. Democracia e Socialismo».

 



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