Reconhecimento, já!
Sucessivos governos seguem a voz do «amo»
Os massacres na Faixa de Gaza e a agressão a todo o povo palestiniano levada a cabo por Israel duram há quase 8 meses e somam uma longa lista de horrores, que aumenta todos os dias. Parece não haver limites à desumanidade de Israel e do seu exército sionista, à cumplicidade dos EUA e da UE, e de todos os que ainda abrem a boca para tentar justificar o indefensável.
Numa «ordem baseada em regras» ditada pelo imperialismo norte-americano, assistimos na contínua agressão à Palestina a um braço-de-ferro com o direito internacional que resultou da vitória sobre o nazi-fascismo na II Guerra Mundial, assegurando através dos sistemáticos vetos na ONU e do apoio militar por parte dos EUA a impunidade de Israel perante o seu permanente desrespeito pelas várias resoluções das Nações Unidas. Uma «lição» que se quer dar ao mundo de que a resistência, a soberania, a independência de um povo só é aceitável se jogar de acordo com as regras e os interesses do imperialismo. Se assim não for… será para ser liquidada.
Mas perante a violência e as suas consequências devastadoras na Faixa de Gaza, milhões de vozes se levantam incansavelmente por todo o mundo, nos últimos meses, em solidariedade com a Palestina. Não fosse a persistência, incluindo em Portugal, e a coragem, daqueles que têm enfrentado a repressão nos seus países, de não abandonarem a causa palestiniana, não estaríamos a assistir à cada vez maior dificuldade de Israel «justificar» as suas hediondas acções perante os seus cúmplices e à cínica retórica dos EUA com cada vez maior dificuldade em as apoiar. É de destacar o facto do Tribunal Internacional de Justiça ter instado as autoridades israelitas a cessarem os ataques contra Rafah ou o pedido de emissão de mandados de captura no Tribunal Penal Internacional (instrumento criado para servir os interesses do imperialismo) para o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e para o seu ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e contra a Humanidade.
Se tudo correr como anunciado, Espanha, Irlanda e Noruega já terão reconhecido o Estado da Palestina, juntando-se aos mais de 140 países membros da ONU que já o fizeram. Uma exigência há muito colocada a sucessivos governos portugueses PS e PSD/CDS, que vergonhosamente se têm negado a fazê-lo, contrariando aquilo que dizem ser a sua política de apoio à solução dos dois estados e a Constituição da República portuguesa que preconiza o reconhecimento do direito dos povos à autodeterminação e independência e ao desenvolvimento. O Governo da AD utiliza o pretexto de um suposto papel de mediador na ONU para convencer outros países mais relutantes a votar resoluções a favor da Palestina, enquanto que o PR avança com um «não é o momento adequado».
Infelizmente, PS, PSD e CDS têm colocado o nosso País num papel servil ao imperialismo. Um «bom aluno» que «não risca ao lado»: o imperialismo não reconhece o Estado da Palestina, Portugal também não o faz. Já em 2008, o Governo PS correu a reconhecer o Kosovo, cuja separação da Sérvia foi parte integrante do processo de desmembramento da Jugoslávia imposto pelos EUA, a NATO e a UE. Os sucessivos governos PS, PSD e CDS têm seguido a voz do seu «amo».
O reconhecimento do Estado da Palestina é um importante contributo que Portugal pode dar para o cumprimento do direito internacional e o assegurar de uma paz duradoura e estável na região do Médio Oriente.