Fogem da regionalização a sete pés

Manuel Rodrigues

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, afirmou, esta semana em Coimbra, na cerimónia comemorativa do 40.º aniversário da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), que a regionalização não é prioridade para o Governo.

O primeiro-ministro explicitou, assim, aquilo que já sabíamos: que a política de direita foge a sete pés da regionalização e que, em sua vez, prefere prosseguir com o processo de descentralização de competências da Administração Central para as autarquias, dando seguimento à política do Governo PS, mesmo conhecendo-se os problemas que este processo está a causar às autarquias, cada vez com mais competências e menos meios.

Para o PCP – que desde a primeira hora rejeitou o programa do Governo PSD/CDS – esta declaração do primeiro-ministro não é propriamente uma surpresa. Conhecendo-se o projecto reaccionário do PSD e CDS (e dos seus sucedâneos do Chega e IL), não era expectável que o Governo agisse de outra maneira.

Importa, no entanto, chamar a atenção para este facto que tantas vezes o PCP tem denunciado: em todas as questões essenciais da política de direita, PS e PSD (e também CDS, Chega e IL), independentemente das suas diferenças, afinam pelo mesmo diapasão: assegurar que a submissão à UE e aos interesses do capital monopolista nunca sejam postos em causa.

Porém, por mais que se entendam (nesta e em muitas outras matérias, como a vida nos vai mostrando), há-de haver um momento em que, pelo desenvolvimento da luta de massas e o reforço do PCP e da CDU, a regionalização vai mesmo avançar. Momento esse que, por mais que esbracejem, não conseguirão evitar.

Mas, para que esse momento aconteça, é indispensável o voto na CDU a 9 de Junho, nas eleições para o Parlamento Europeu, bem como nas eleições para a Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira, já no próximo domingo.

 



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