Morrer, senhor Almirante?
O título podia ser o de uma estória policial, mas este artigo é sobre as declarações do putativo candidato presidencial que actualmente está colocado como Chefe do Estado Maior da Marinha;: «Se a Europa for atacada e a NATO nos exigir, vamos morrer onde tivermos de morrer para a defender.» Tantos equívocos numa frase tão curta.
O primeiro já o colocou, e bem, a JCP: «Nós quem?» É que nunca são os filhos dos ricos e dos almirantes quem acaba nas trincheiras das guerras.
O segundo é o que dá título a este artigo: «Morrer»? É que podia ter dito «combater» ou «lutar», mas saiu-lhe «morrer». Um lapso que revela bem o que o «Ocidente» está a exigir do povo ucraniano: que morra pela NATO.
O terceiro é aquele «se a NATO nos exigir». Nos exigir? Mas Portugal não é uma República independente?
O quarto é a ideia «se a Europa for atacada». Terá o sr. Almirante a noção de que a Rússia faz parte da Europa? Que Lugansk faz parte da Europa? Estará a propor-se a morrer pelo Donbass se continuarem os bombardeamentos a Donetsk e Lugansk que duram desde 2014? Lembrar-se-á da NATO a bombardear a europeia Sérvia? Da Turquia, membro da NATO, que continua a ocupar militarmente um terço de um país da União Europeia, o Chipre?
O último equívoco é a ideia, subjacente, de que temos de responder a um ataque à NATO. Mas isso aconteceu quando? Nunca, certo? Em 75 anos de existência, a NATO atacou vários países, mas nunca foi atacada. E países membros da NATO atacaram militarmente dezenas de países no mundo no mesmo período de tempo. Aliás, como qualquer almirante tem obrigação de saber, a única possibilidade real de o nosso país ser militarmente atacado é por um país da NATO. Como esteve quase a acontecer há 50 anos, quando um bando de traidores planeou o bombardeamento da «Comuna de Lisboa» por tropas de países da NATO.
São perigosos estes almirantes e estes equívocos. É perigosa esta ignorância da história. Uma história que também demonstra que os comunistas serão sempre os primeiros a corporizar a defesa militar da República, da pátria. O que não confundem com a participação nacional nas guerras que o imperialismo semeia pelo mundo.