Volkswagen procura de novo financiar-se com lay-off

A administração da VW Autoeuropa anunciou que vai de novo recorrer ao lay-off, mas isso serve apenas para tentar financiar parte dos seus investimentos, acusou o SITE Sul, considerando a medida abusiva.

A multinacional tem beneficiado largamente de apoios públicos

Foi há muito anunciada pela administração a necessidade de efectuar paragens, com vista a realizar na fábrica de Palmela as obras que agora são referidas, para a preparação de um novo modelo de carro e a descarbonização da fábrica, assinalou a Comissão Sindical do SITE Sul, num comunicado de dia 10, alertando que isso não deve ser feito à custa do dinheiro da Segurança Social.

A estrutura sindical da FIEQUIMETAL/CGTP-IN na empresa exige que esta medida seja rigorosamente fiscalizada pelo Governo e respectivos ministérios, desde logo, na sua fundamentação.

Lembra ainda que, desde 2020, a Autoeuropa recorreu ao lay-off por diversas vezes e por motivos diversos, com prejuízo para os trabalhadores, que apenas no último processo, há menos de um ano, os trabalhadores sofreram um corte salarial de 5% e foram penalizados no pagamento da compensação do trabalho ao fim-de-semana.

No entanto, os accionistas da Volkswagen, um dos gigantes mundiais do sector automóvel, continuam a receber dividendos e a fábrica de Palmela dá um forte contributo para os lucros milionários anunciados pelo grupo alemão.

Para o sindicato, a administração da VW Autoeuropa tem de garantir a totalidade da remuneração mensal dos trabalhadores, nos períodos em que vigorar o lay-off. O pagamento integral da habitual remuneração mensal deve ser assegurado, tanto aos trabalhadores da VW Autoeuropa, como aos de outras empresas, que sejam afectados por este processo.

A FIEQUIMETAL solicitou, também na sexta-feira, uma reunião com a ministra do Trabalho, com urgência, para definir «medidas céleres, ágeis e eficazes, para prevenir a repetição de situações como aquelas que se verificaram no passado». A federação defende, nomeadamente: que todas as situações sejam sujeitas a prévias e criteriosas autorizações e rigorosas fiscalizações e que sejam preservados o emprego e os direitos de todos os trabalhadores, directos e indirectos.

A necessidade desta intervenção do Governo foi salientada pelo Grupo Parlamentar do PCP, numa pergunta que dirigiu à ministra do Trabalho, esta segunda-feira, notando que «o problema que hoje se coloca, de novo, é se as entidades públicas estão disponíveis e de acordo com mais um esbulho de recursos da Segurança Social pública a favor dos grupos económicos, como se tem vindo a verificar de forma crescente».

Do Governo, o PCP pretende saber: como vai assegurar o cumprimento dos critérios para aplicação do lay-off e fazer a sua fiscalização; que medidas pretende tomar para garantir a salvaguarda dos direitos e dos postos de trabalho de todos os trabalhadores da Autoeuropa e de empresas fornecedoras afectadas, num universo de mais de 30, em vários distritos.

 



Mais artigos de: Trabalhadores

FESAHT realizou 7.º Congresso

Nos dias 9 e 10 de Maio, em Peniche, teve lugar o 7.º Congresso da Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal (FESAHT), sob o lema «Com a força dos trabalhadores, garantir o direito à contratação colectiva, mais salário, segurança no emprego,...

Administração Pública em luta amanhã

Recusando que os trabalhadores da Administração Pública continuem a empobrecer e exigindo um aumento salarial intercalar imediato para todos, a Frente Comum e os seus sindicatos convocaram para amanhã, 17 de Maio, uma jornada nacional de luta. Foram emitidos pré-avisos de greve, em vários...

Professores exigem avanços reais

«Dá com uma mão e tira com a outra», comentou a FENPROF, após a primeira reunião de negociação com o Ministério da Educação, Ciência e Inovação para recuperação do tempo de serviço, considerando «inaceitável» a proposta governamental, apresentada dia 10. No dia 13, à saída da segunda reunião de negociação, Mário...