É uma casa portuguesa com certeza

Margarida Botelho

Os preços das casas su­biram 8,2% em 2023, em cima dos 12,6% que já ti­nham su­bido em 2022.

13% das pes­soas vi­viam em casas com mais gente do que de­viam ter, tendo em conta as as­so­a­lhadas dis­po­ní­veis. Eram 9,4% em 2022. Se olharmos para as cri­anças e jo­vens até aos 17 anos, são 21,8% a viver em casas so­bre­lo­tadas.

20,8% da po­pu­lação a viver em Por­tugal não con­se­guia aquecer a casa no In­verno. Em 2022 eram «apenas» 17,5% e já eram o dobro da média eu­ro­peia. À per­gunta sobre se con­se­guiam manter a casa fresca no Verão, 38,3% res­pon­deram que não.

33% da po­pu­lação vivia no ano pas­sado numa ha­bi­tação com pro­blemas em pelo menos um destes items: as ins­ta­la­ções sa­ni­tá­rias, o tecto, as pa­redes, o so­alho ou as ja­nelas.

Os dados, que ti­veram uma ex­pressão dis­creta na co­mu­ni­cação so­cial, en­tre­tida que tem es­tado a en­tre­vistar em loop André Ven­tura, são do Ins­ti­tuto Na­ci­onal de Es­ta­tís­tica, ba­se­ados num inqué­rito a cerca de 15 mil pes­soas.

Re­velam as múl­ti­plas di­men­sões nas quais a ha­bi­tação se tornou uma dor de ca­beça para mi­lhões de pes­soas no nosso país: preço, ta­manho, lo­ca­li­zação, con­forto. Re­velam ainda a ra­pidez da de­gra­dação da si­tu­ação, a exigir me­didas para ontem.

Num tempo em que o li­be­ra­lismo é apre­sen­tado como so­lução para todos os males, convém não es­quecer que se há sector li­be­ra­li­zado no país é o da ha­bi­tação. Com o re­sul­tadão que está à vista de todos e neste inqué­rito também. É im­pe­ra­tivo lutar pelo di­reito à ha­bi­tação, nas con­di­ções em que a Cons­ti­tuição o prevê: «todos têm di­reito, para si e para a sua fa­mília, a uma ha­bi­tação de di­mensão ade­quada, em con­di­ções de hi­giene e con­forto e que pre­serve a in­ti­mi­dade pes­soal e a pri­va­ci­dade fa­mi­liar.»




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