A mensagem está dada
Quando esta edição chegar às bancas, provavelmente já o Supremo Tribunal de Justiça de Londres terá decidido se Julian Assange pode recorrer da anterior decisão do tribunal de o extraditar para os EUA, onde, apesar de não ser cidadão norte-americano e de não estar sob a jurisdição dos EUA aquando dos alegados «crimes», terá de enfrentar 17 acusações ao abrigo da Lei de Espionagem, nunca antes aplicada a um jornalista, e uma por crime informático. O cidadão australiano está há cinco anos na prisão de segurança máxima de Belmarsh, o equivalente britânico à prisão norte-americana de Guantánamo, sem ter sido condenado por nenhum crime. Cinco anos de prisão «preventiva», em confinamento quase total. Assim vai a Justiça na «democrática» Albion, com a conivência do mundo ocidental.
Se for extraditado, o fundador do WikiLeaks, que os EUA consideram um «serviço de espionagem não-estatal e hostil», ficará totalmente à mercê de quem conspirou para o assassinar, os serviços secretos britânicos e norte-americanos, como revelou em 2019 a exaustiva investigação levada a cabo pelo Yahoo News. Os 10 milhões de documentos publicados por Assange no WikiLeaks e replicados com chorudo proveito em órgãos como The New York Times, The Guardian, Le Monde, El País e Der Spiegel, que depois o abandonaram à sua sorte, quando não contribuíram para o desacreditar, denunciaram crimes e criminosos que permanecem impunes.
«Criminoso» é o mensageiro que é preciso calar a todo o custo, para servir de exemplo a quem possa ter a veleidade de querer trazer à luz do dia a tenebrosa verdade da política do império.
A proximidade das eleições nos EUA e Inglaterra pode levar ao adiamento da decisão, mas a mensagem está dada: submissão ou morte. Lenta, de preferência, para não levantar ondas.