Rafah – a máscara caiu
Israel está sem freio nos dentes
No momento que escrevemos estas linhas (12.02) parece estar iminente mais um terrível crime do governo fascista de Israel que elevará a dimensões impensáveis o genocídio que está a ser cometido na Faixa de Gaza. Israel bombardeou Rafah durante a noite. Matou só nesta noite 100 palestinianos. Ameaça agora avançar numa ofensiva terrestre de larga escala sobre a cidade mais a sul da Faixa de Gaza, situada na fronteira com o Egipto.
É nesta zona que se concentram agora cerca 1 milhão e 400 mil refugiados que viviam no norte e centro daquele território mártir e que num tenebroso ciclo de massacres, ameaças e expulsões foram empurrados para este derradeiro refúgio onde tentam sobreviver em campos de tendas a perder de vista, ou pura e simplesmente na borda das estradas, sem abrigo, comida ou acesso a cuidados médicos.
Aquilo que desde Outubro está a acontecer em Gaza é um dos maiores e mais abjectos crimes que a Humanidade já conheceu na sua história recente, não há outra forma de o dizer. Israel já matou mais de 28000 pessoas e fez desaparecer debaixo dos escombros cerca de 8.000. São na sua esmagadora maioria civis, entre os quais 12300 crianças e 8400 mulheres. O número de feridos ascende a 68.000. Dos palestinianos que se mantêm vivos, cerca de 700000 padecem de doenças infecciosas. 8000 estão infectadas com Hepatite viral. Estes e muitos outros não têm acesso a cuidados médicos, uma vez que a quase totalidade dos Hospitais foi atacada pela máquina de guerra israelita e são 340 os profissionais de saúde assassinados. Cerca de 10000 doentes de cancro podem morrer a qualquer momento por não terem acesso a medicamentos que os mantenham vivos. As organizações humanitárias afirmam que a situação de fome está «para lá de proporções catastróficas», sendo esta uma das dramáticas consequências do impedimento da chegada de ajuda Humanitária a Gaza, aprofundada agora pelos criminosos cortes de financiamento à UNRWA decididos pelos EUA, Reino Unido e vários outros cúmplices do governo fascista de Israel.
Se todo este quadro é já insuportável, aquilo que a horda das forças israelitas está a preparar para Rafah elevará para proporções absolutamente dantescas a catástrofe. O objectivo dos criminosos torna-se cada vez mais claro, matar o máximo de palestinianos e, com a campanha de terror em curso, forçar a expulsão dos restantes para o deserto do Sinai. É absolutamente imperioso impedir que um massacre desta dimensão, que a acontecer teria poucos pontos de comparação na História. É preciso impedir a matança indiscriminada, total. É urgente proteger a vida das 600000 crianças que se estima estarem concentradas em Rafah, sem sítio para fugirem.
Israel está sem freio nos dentes. Netanyahu conta com o apoio dos EUA que fornecem as armas da matança, se ocupam com bombardeamentos na Síria, Iraque e Iémen para dar cobertura a Israel, e se preparam para aprovar mais 10 mil milhões de Dólares para apoiar a máquina de guerra israelita. A União Europeia, ao mesmo tempo que funciona como caixa de ressonância da política norte-americana para alimentar a guerra na Ucrânia, assobia para o lado face à natureza e dimensão dos crimes em curso na Palestina, tentando disfarçar tal postura com retóricas como a de Borrell. A máscara de todos está a cair, e no debate político nacional para as eleições só o PCP está a tomar a iniciativa de o lembrar.