Responder aos problemas da pobreza e das crianças
Dois encontros, com a UNICEF Portugal e com o Movimento Erradicar a Pobreza, realizados na Sede Nacional do PCP, em Lisboa, marcaram a agenda do Partido nos dias 12 e 14, respectivamente.
«A pobreza afecta quase 20 por cento das crianças no País»
«Recebemos a UNICEF para um encontro interessante sobre uma matéria a que estamos a dar grande centralidade, que são os direitos dos pais e, em particular, das crianças», afirmou Paulo Raimundo em declarações aos jornalistas no final da reunião. «Olhando para as crianças e as suas necessidades, não podemos olhar para meios ou recursos, é preciso investir hoje para salvaguardar o amanhã», acrescentou.
Em referência ao mais recente lema da UNICEF («Mais de 1,8 milhões de razões para agir», valor que coincide com o número de crianças que existem no País), o Secretário-Geral comentou que, para além de razões para agir, 1,8 milhões também é um bom número de razões «para ter esperança», porém, contrapôs, «a esperança não pode ser vã, precisa de ser acompanhada por medidas concretas que dêem resposta a três dimensões». Paulo Raimundo referia-se aos direitos próprios das crianças, «que são só delas»; aos direitos dos pais, em particular, no que diz respeito à «legislação laboral»; e aos serviços públicos, especialmente «no acesso às creches, considerando-as como parte do sistema educativo, e no acesso ao SNS».
Sobre os direitos dos pais, o dirigente comunista mencionou ainda o aumento geral dos salários, a «grande emergência nacional», as questões relacionadas com a desregulação dos horários de trabalho, com o trabalho por turnos e nocturno, «que muitas vezes impedem até mesmo os pais de se cruzarem com os próprios filhos», e o problema da precariedade, pois «sem estabilidade» não é possível «acompanhar o crescimentos dos filhos».
«Temos condições, temos recursos e precisamos de olhar para esta questão central da sociedade que é responder às necessidades dos pais para garantir os direitos das crianças», frisou, garantindo que é possível dar essa resposta «fortalecendo a CDU e o PCP, tanto em número de votos quanto em número de deputados, nas eleições de 10 de Março», para «obrigar a concretização de algumas dessas medidas», inclusive as que foram «rejeitadas na discussão do Orçamento do Estado».
Salários dignos são resposta à pobreza
«Solicitamos este encontro com o Movimento Erradicar a Pobreza para atacar uma questão central que é a injustiça, a desigualdade e a forma como esta se expressa em 20 por cento da população», salientou Paulo Raimundo também em declarações à imprensa. «É este o drama com que estamos confrontados: mais de dois milhões no limiar da pobreza, dez por cento dos quais são pessoas que trabalham, pessoas que criam a riqueza, põem a economia a funcionar e, com os salários que têm, não conseguem sair da pobreza», lamentou.
Para o dirigente, mais lamentável é ainda a situação quando atinge mais de 200 mil crianças, idosos e quando se a coloca em contraste com os lucros «históricos» da banca e das grandes empresas.
Uma das questões fundamentais para «atacar de frente» esta questão é aumentar salários e pensões», afirmou. «Não vale a pena rodeios, altas considerações e propostas. Não precisamos de choques fiscais, mas sim de choques salariais. O aumento significativo de salários e pensões que contribuam para uma melhor redistribuição da riqueza», salientou.
«Quem trabalha merece respeito. Não é possível encarar com naturalidade uma pessoa que trabalha todos os dias, por turnos e em trabalho nocturno, e que, depois, chega ao final do mês e não tem dinheiro para pagar as suas coisas», disse por fim.
Rego Mendes, da Comissão Promotora do movimento, que também prestou declarações, explicou que todos os indicadores e dados mostram que a evolução da pobreza é grande e chamou a atenção para a questão da alimentação.