Agressão à Palestina é «desafio ao mundo»

As forças israelitas continuam a guerra genocida contra o povo palestiniano na Faixa de Gaza, com a conivência dos EUA e seus aliados. O número de vítimas palestinianas, entre mortos, feridos e desaparecidos, ultrapassa os 100 mil.

Israelitas continuam a bombardear a Faixa de Gaza e aumentam repressão na Cisjordânia

A agressão israelita contra o povo palestiniano constitui um «desafio ao mundo e uma ameaça para a estabilidade do Médio Oriente», alertou o porta-voz da presidência palestiniana, Nabil Abu Rudeina. A política de assassinatos e massacres aplicada pelo Estado israelita arrastará a região para uma situação cujos resultados e consequências são imprevisíveis, acrescentou.

Lusa

Rudeina instou, mais uma vez, os EUA a actuar de imediato para obrigar o seu aliado a parar os ataques contra os territórios ocupados, em especial a Faixa de Gaza.

Acusou o governo israelita de violar as resoluções do Conselho de Segurança da ONU e afirmou que os contínuos crimes não trarão segurança e estabilidade a ninguém, porque a única maneira de alcançar a paz é reconhecer os direitos legítimos do povo palestiniano e, entre eles, o fim da ocupação e o estabelecimento do Estado da Palestina, nas fronteiras de 1967, com a capital em Jerusalém Oriental.

O porta-voz qualificou de genocídio a campanha bélica israelita na Faixa de Gaza e criticou a opressão e estratégia colonialista dos ocupantes na Cisjordânia ocupada.

Mais de 100 mil mortos, feridos e desaparecidos
O exército israelita continua a sua agressão na Faixa de Gaza, estando agora o epicentro dos ataques na cidade de Khan Yuris, no sul, onde são noticiadas, ao longo dos últimos dias, centenas de mortos e feridos palestinianos, assim como intensos combates.

Face à resistência das milícias palestinianas, sucedem-se os brutais bombardeamentos israelitas que atingem indiscriminadamente a população palestiniana. A agência Wafa noticiou que a cidade de Rafah, a mais meridional da Faixa de Gaza, foi também atingida por mísseis lançados pelas tropas de Telavive. Aviões de guerra israelitas bombardearam também o campo de refugiados de Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza.

Até ao final de Janeiro, após 117 dias de bombardeamentos, massacres e cerco, foram mortos pelos israelitas mais de 26 mil palestinianos e feridos mais de 65 mil, para além de milhares de desaparecidos sob os escombros.

Crimes na Cisjordânia
Forças especiais israelitas assassinaram três palestinianos, na terça-feira, 30, no interior do Hospital Ibn Sina, na cidade de Jenin, na Cisjordânia.

Disfarçadas de profissionais de saúde, as tropas israelitas entraram no hospital e balearam os jovens. Telavive confirmou a operação, justificando-a com o argumento de que os três palestinianos «planeavam ataques».

Jenim e o vizinho campo de refugiados são considerados bastiões das forças de resistência palestiniana e alvos sistemáticos das forças ocupantes.

Em Ramala, a Associação de Prisioneiros Palestinianos e a Comissão de Prisioneiros e ex-Prisioneiros revelaram que, desde o inicio de Outubro, mais de 6.300 palestinianos foram detidos na Cisjordânia pelo exército e pela polícia israelitas. O número inclui centenas de crianças e cerca de 200 mulheres.

As duas organizações denunciaram que, nos últimos três meses, aumentaram os crimes contra os presos nas masmorras israelitas: «entre os delitos mais destacados encontram-se a tortura, maus tratos, agressões, ameaças de morte, interrogatórios no terreno, ameaças de violação, assim como o uso de cães-polícias e a utilização de cidadãos como escudos humanos».

Inaceitável suspensão do apoio à UNRWA
Entretanto, os EUA e aliados decidiram suspender, em plena agressão israelita, a entrega de fundos à agência da ONU para os refugiados palestinianos, numa atitude que causou profunda surpresa pela rapidez com que Washington e seus parceiros decidiram cortar o financiamento ao Organismo de Obras Públicas e Socorro das Nações Unidas para os Refugiados no Médio Oriente (UNRWA).

A decisão foi anunciada após Israel ter alegado a participação de uma dezena de funcionários da UNRWA em acções da resistência palestiniana. Embora tanto a UNRWA – que conta com 30 mil trabalhadores, 13 mil dos quais na Faixa de Gaza – como a ONU tenham anunciado imediatamente uma investigação para determinar a veracidade dessas alegações, os EUA, Alemanha, Reino Unido e França suspenderam a entrega de ajuda.

Tal vergonhosa decisão contrasta com a indiferença com que esses mesmos países receberam a recente decisão do Tribunal Internacional de Justiça, em Haia, que investiga os crimes de guerra israelitas na Faixa de Gaza.

 



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