Israel continua massacre do povo palestiniano
As forças militares israelitas prosseguem a operação de agressão na Faixa de Gaza, que dura há mais de três meses. Na Cisjordânia intensificou-se a repressão, aumentando os crimes e abusos das tropas e dos colonos israelitas.
Em 110 dias de agressão israelita, registam-se mais de 25 mil mortos e 63 mil feridos palestinianos
Nos últimos dias, segundo a agência Wafa, a aviação israelita atacou uma vez mais o campo de refugiados palestinianos de Jabalia, no norte da Faixa de Gaza. Na cidade de Gaza, em especial nos bairros de Al-Karama e Al-Mukhabarat, registaram-se violentos confrontos entre milícias palestinianas e soldados israelitas que tentaram avançar para o centro da cidade, apoiados por veículos blindados.
Verificaram-se igualmente bombardeamentos aéreos israelitas contra a sitiada cidade de Khan Yunis, no sul, em especial à volta do Hospital Europeu, com a destruição de blocos residenciais. O Crescente Vermelho Palestina denunciou ataques perto do Hospital de El-Amal, o lançamento de mísseis contra habitações no campo de refugiados de Al-Bureij e mais bombardeamentos aéreos e com fogo de artilharia contra a região de Rafah, no sul, onde se refugia cerca de um milhão de palestinianos.
O número de vítimas civis da guerra genocida de Israel contra o povo palestiniano continua a crescer e, desde 7 de Outubro, as autoridades palestinianas registaram mais de 25 mil mortos e quase 63 mil feridos, a maior parte crianças, mulheres e idosos. A agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNRWA) estima que 1,7 milhões de pessoas estão deslocadas dentro da Faixa de Gaza.
Também na Cisjordânia aumentam os crimes pelas forças de ocupação israelitas. O Gabinete da ONU para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA) revelou que, ali, nos últimos três meses, mais de 700 palestinianos foram deslocados à força. A maior parte dos casos ocorreu na sequência de ataques aos campos de refugiados palestinianos de Jenin, Nur Shams e Tulkarm. Do total, 300 deslocados são crianças.
Netanyahu insiste na ocupação e colonização
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, insistiu na continuação da política de ocupação e colonização de territórios palestinianos, rejeitando a criação do Estado da Palestina como determinado pelo direito internacional e em inúmeras resoluções da ONU. Netanyahu pretende prosseguir a agressão ao povo palestiniano e concretizar o controlo total da Faixa de Gaza por Israel. Membros do Governo israelita continuam a exigir a expulsão da população palestiniana daquele território.
Netanyahu foi ainda mais longe, ao assumir que «em qualquer outro acordo, no futuro, o Estado de Israel terá de controlar toda a área, desde o rio até ao mar». Ou seja, toda a Palestina histórica – incluindo a Cisjordânia, Jerusalém Leste e a Faixa de Gaza.
Aquando da sua eleição como primeiro-ministro, Netanyahu tinha já anunciado a intenção de proceder à anexação ilegal de cerca de 30% da Cisjordânia, no Vale do Jordão.
Cumpra-se os direitos do povo palestiniano
O governo palestiniano exigiu aos EUA e à UE que adoptem medidas claras para resolver o conflito com Israel e parar a agressão contra a Faixa de Gaza.
Em Ramala, o Ministério dos Assuntos Exteriores instou os EUA e os países da UE a reconhecer o Estado da Palestina e a apoiar os esforços para o aceitar como membro de pleno direito da ONU. E condenou a recusa, pelo primeiro-ministro israelita – referindo as suas «ambições coloniais» e o seu «racismo» – de aceitar um Estado palestiniano independente.
Do seu lado, o porta-voz da presidência palestiniana, Nabil Abu Rudeina, insistiu que os EUA adoptem uma posição clara perante a recusa de Netanyahu em negociar ao mesmo tempo que intensifica a agressão israelita nos territórios palestinianos ocupados.
De igual modo, a Liga Árabe instou os EUA a pressionar Israel para deter a agressão contra a Faixa de Gaza. Uma declaração divulgada no Cairo sublinha que Washington deve assumir uma posição coerente com o direito internacional e com a sua condição de membro permanente do Conselho de Segurança da ONU.
A única maneira de se alcançar a segurança, a estabilidade e a paz no Médio Oriente é o povo palestiniano conquistar a sua liberdade e independência, pondo fim à ocupação israelita, insistiu a Liga Árabe.
Multiplicam-se as manifestações pela paz
Tal como acontece nos países árabes, nos países islâmicos, em África, na Ásia, na América e por todo o mundo – incluindo nos EUA –, sucedem-se na Europa manifestações pela paz e em solidariedade com o povo palestiniano, agredido por Israel numa guerra genocida. Alguns exemplos:
Em Bruxelas, no dia 21, uma manifestação com mais de 20 mil participantes, convocada por partidos de esquerda, sindicatos e movimentos sociais, exigiu o cessar-fogo imediato e que o governo belga apoie o processo apresentado pela África do Sul no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), como já fizeram dezenas de países. Na ocasião, o Partido dos Trabalhadores da Bélgica (PTB/PVDA) afirmou que a situação na Faixa de Gaza «está a tornar-se insuportável», que «é hora de parar este genocídio» e que «a impunidade de Israel deve acabar».
Em Haia, milhares de pessoas provenientes de diversos países manifestaram o seu apoio à causa da Palestina junto do Palácio da Paz, onde decorreram as primeiras sessões do TIJ. Em Paris, um grupo de jovens manifestou-se e seguiu rumo a Bruxelas com o propósito de chegar no dia 1 de Fevereiro ao Parlamento Europeu, para expressar o seu apoio ao povo palestiniano.
Em Madrid e mais 90 cidades espanholas, realizaram-se também no domingo manifestações com a participação de muitas dezenas de milhares de pessoas, que protestaram contra «o extermínio e genocídio cometido pelo exército de Israel». Está já marcada para o próximo sábado, em Madrid, uma outra manifestação em defesa da Palestina.
Em Reiquejavique, no dia 18, grupos solidários com a Palestina e activistas da paz apelaram ao governo da Islândia para se juntar à África do Sul no TIJ na condenação da guerra genocida de Israel contra os palestinianos. Algumas das mais importantes uniões sindicais, incluindo a dos professores e a dos funcionários públicos, decidiram hastear a bandeira da Palestina nas suas sedes.
Para ontem ao final da tarde estava marcada uma concentração no Porto, promovida pelo CPPC, CGTP-IN, MPPM e Projecto Ruído.