Bases britânicas em Chipre usadas para atacar Faixa de Gaza e Iémen
Cipriotas manifestaram-se por um cessar-fogo imediato e completo na Palestina, contra os crimes de guerra israelitas e pelo encerramento das bases militares britânicas em Chipre, que escondem a presença na ilha de tropas norte-americanas.
AKEL condena crimes de guerra israelitas e exige fecho das bases militares em Chipre
Em Chipre, o Partido Progressista do Povo Trabalhador (AKEL) exigiu o fim dos crimes de guerra de Israel e da ocupação dos territórios palestinianos. Defendeu um cessar-fogo imediato e completo e a procura de uma solução pacífica e justa com a criação de um Estado da Palestina independente, assente nas resoluções das Nações Unidas. E condenou a utilização das bases militares do Reino Unido naquele país para atacar a Faixa de Gaza e o Iémen e para outras operações de guerra, reafirmando a necessidade do encerramento dessas bases.
O AKEL também censurou a União Europeia, pela sua indiferença e silêncio face à situação na Palestina e criticou o governo do presidente cipriota, Nikos Christodoulides, por ainda não ter encontrado palavras para condenar os crimes de guerra de Israel na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, «num momento em que o território da República de Chipre se torna uma base para servir os planos de guerra» dos EUA e do Reino Unido.
Para condenar e repudiar os ataques aéreos contra o Iémen lançados pelo Reino Unido a partir das bases que mantém em território cipriota – em auxílio das operações militares do exército israelita na Faixa de Gaza –, realizou-se, no passado dia 14, uma manifestação em Akrotiri, perto das duas bases britânicas. A iniciativa, do Conselho da Paz de Chipre (CPC), contou com o apoio do AKEL, da Federação Cipriota do Trabalho e de outras organizações progressistas e amantes da paz.
Os participantes, gritando palavras de ordem contra a agressão israelita à Palestina e contra o imperialismo, defenderam que Chipre seja uma ponte de paz e cooperação entre os povos, exigindo o desmantelamento imediato das bases militares britânicas, uma ameaça constante não só para a segurança do povo cipriota mas também para os povos da região.
Intervindo na manifestação, o presidente do CPC, Tasos Costeas, afirmou que «Chipre é um exemplo vivo de que as bases militares não resolvem problemas, não oferecem estabilidade e segurança», mas «intensificam a militarização e tornam a tensão permanente».
«Condenamos o envolvimento directo e agora comprovado dos EUA e do Reino Unido no bombardeamento de países vizinhos», disse. Os ataques na Faixa de Gaza, a pretexto do chamado «direito de Israel à autodefesa», e no Iémen, a pretexto dos incidentes no Mar Vermelho, sem a permissão do Conselho de Segurança da ONU, constituem violações graves do direito internacional e crimes contra a população, acentuou.
Presença em Chipre de tropas dos EUA
Após a manifestação em Akrotiri, uma delegação do CPC entregou um memorando a um representante das bases militares britânicas.
É reiterada nesse documento a denúncia do envolvimento das bases britânicas em Chipre nos ataques aéreos lançados contra os povos da região, destacando-se que «as operações militares em curso na Faixa de Gaza e no Iémen estão a criar o perigo de uma crise geral no Médio Oriente».
O memorando denuncia o envio de tropas dos EUA para Chipre através das bases militares britânicas e revela «a criação de uma base militar norte-americana dentro da base britânica de Akrotiri e a presença ilegal de 3000 soldados norte-americanos».
E afirma: «Chipre não é uma plataforma agressiva dos EUA e da NATO, nem uma plataforma agressiva britânica. Nós, o povo cipriota, não queremos que o nosso país seja envolvido de forma alguma no massacre sangrento que está a ocorrer na Faixa de Gaza. É precisamente por isso que exigimos o desmantelamento imediato das bases britânicas, bem como de todas as bases militares estrangeiras nos países da nossa região e em todo o mundo. As bases britânicas são um resquício do regime colonial. Mutilam a independência, a integridade territorial e a soberania de Chipre e colocam os povos da região em perigo constante, violando o direito internacional».