Solidariedade de África com Cuba

Carlos Lopes Pereira

Os povos africanos, nas suas lutas pela liberdade, independência, soberania e desenvolvimento, ao longo das últimas décadas, têm contado com a solidariedade das forças progressistas de todo o mundo. E, sabe-se bem, têm sido solidários com os combates emancipadores e as causas justas de outros povos.

A demonstração mais recente, e importantíssima, dessa solidariedade africana é o processo apresentado pela África do Sul junto do Tribunal Internacional de Justiça, em Haia, acusando Israel de levar a cabo uma guerra de genocídio contra os palestinianos na Faixa de Gaza e em toda a Palestina ocupada.

Trata-se de uma acção corajosa do governo da África do Sul, cujo povo, dirigentes e organizações progressistas, como o Partido Comunista Sul-africano, o Congresso Nacional Africano (ANC) – forças em que militou Nelson Mandela – e os sindicatos da Cosatu, conhecem bem o que foi a dura luta contra a dominação e exploração pelo odioso regime do apartheid.

Outro exemplo notável da África solidária e com memória foi a realização, na semana passada, na cidade sul-africana de White River, do VII Encontro Continental Africano de Solidariedade com Cuba, organizado para reafirmar a exigência do levantamento do bloqueio imposto pelos EUA à ilha há mais de seis décadas e o rechaço da inclusão de Cuba numa lista de «países patrocinadores do terrorismo» elaborada unilateralmente por Washington.

Participaram no fórum 245 representantes de partidos e organizações de solidariedade de 28 países de África e de outros continentes – provenientes do Saara Ocidental, onde a Frente Polisário luta contra a ocupação ilegal por Marrocos, da África do Sul, a anfitriã, do Zimbabué, Namíbia, China, Rússia, Estados Unidos da América, Canadá, Irão, Moçambique, Botswana, entre outros.

Os participantes comprometeram-se a aprofundar os históricos laços entre Cuba e África em diversos sectores, incluindo o comércio, o investimento e as relações financeiras, a saúde, a educação, a agricultura, o desenvolvimento e manutenção de infra-estruturas, bem como a energia, a ciência e a tecnologia. A declaração final reafirma a condenação do bloqueio norte-americano a Cuba, dos seus impactos extraterritoriais e da ocupação estrangeira de uma parte da Baía de Guantánamo.

Momentos emotivos aconteceram quando, no decorrer dos trabalhos do Encontro, membros da Associação de Antigos Alunos Cubanos da África do Sul (Caasa) manifestaram o seu apoio, gratidão e apreço ao governo de Cuba e ao seu povo. Destacaram como Cuba lhes ensinou «humildade, solidariedade, compromisso e profissionalismo» nas suas áreas de formação como médicos, engenheiros e outros técnicos, sendo por isso que hoje servem o seu povo com dignidade. Recordaram como puderam educar-se em Cuba apesar do «horrendo bloqueio económico, comercial e financeiro dos imperialistas dos Estados Unidos da América». E expressaram que, graças à oportunidade que lhes concedeu a Revolução cubana, estarão sempre em dívida com Fidel Castro.

Os ex-alunos garantiram que em Cuba aprenderam a melhor definição de solidariedade: «Partilhar o que se tem, não dar o que sobra». E contaram que, no final dos seus estudos na ilha, «saímos de Cuba, mas Cuba nunca saiu de nós».




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