Recuperar o controlo público nos sectores estratégicos
Dia 15 realizou-se, em frente ao edifício da Altice, antiga PT, a sessão pública da CDU Privatizações nos sectores estratégicos: um crime contra a soberania nacional, onde participou Paulo Raimundo, Secretário-Geral do PCP e primeiro candidato pelo círculo eleitoral de Lisboa.
«O poder político deve subordinar o poder económico»
Numa sessão que contou com diversos activistas da CDU, trabalhadores da EDP, Galp/Petrogal, CTT e PT expuseram casos concretos destasempresas, privatizadas em sectores estratégicos da economia por opção da política de direita.
As intervenções iniciaram-se com Luís Coelho (EDP), que, lembrando a luta actualdos trabalhadores do grupo, destacou o facto de este ser dominado«por interesses do capital estrangeiro», numa clara redução da nossa soberania energética, com o investimento na energia de outros países, em detrimento de Portugal. A isto, recordou, soma-se a liberalização dos preços e «uma das electricidades mais caras da UE».
Seguiu-se Hélder Guerreiro, coordenador da Comissão de Trabalhadores da Petrogal (Galp),para quem a transição energética será, se não se nacionalizar este sector, paga por «nós, os trabalhadores», com os Estados a garantir os lucros dos grupos monopolistas da energia «através de financiamento público».
Já Carlos Prazeres (CTT), dirigente do SNTCT/CGTP-IN, denunciou a delapidação de um património de 500 anos de história, bem como a afronta «à coesão do nosso território», resultantes da privatização de uma empresa que dava lucros ao Estado e prestava um serviço postal de excelência, longe do actual encerramento de estações de correio e aumento dos preços.
Por fim, Francisco Gonçalves (PT), dirigente do STT/CGTP-IN, referiu-se auma empresa cuja privatização começou em 1995, com mão de PS, PSD e CDS, e que, após vendas de activos estratégicos, fuga ao pagamento de impostos e «muita receita aos seus donos», é hoje propriedade da Altice, com a marca de uma operação judicial em curso.
Alternativa «ao serviço do povo»
«Roubo», «esbulho», «crime». De muitas formas adjectivou Paulo Raimundo as privatizações em Portugal. Na sessão, face a esta «tragédia», fez questão de colocar a questão de fundo: se o grande capital, como hoje ocorre, deve continuar a ditar os destinos do País, ou se, como prevê a Constituição e defende o PCP e a CDU, «o poder político deve subordinar o poder económico», recuperando o controlo público sobre estes sectores.
Na base destas privatizações, lembrou o dirigente comunista, estiveram pretextos como amelhoria dos serviços e da resposta aos utentes, bem comoda entrega das empresas a quem as «saberia gerir», que seria o sector privado. A estas concepções, retorquiu que«todas falharam!»: o Estado deixou de receber dividendos, o dinheiro que ganhou foi insignificante, houve uma degradação e encarecimento dos serviços e as condições dos trabalhadores pioraram.
Num contexto de perda de «instrumentos fundamentais da economia» do País, Paulo Raimundo respondeu aos que dizem não haver condições de os retornar ao Estado. Se há sempre dinheiro para as «negociatas» ou «para tapar o buraco da banca», então, afirmou, «há meios, há recursos» para recuperar o controlo público sobre estas empresas, colocando-as ao «serviço do povo e dos trabalhadores» Mas tal só será possível, lembrou, com «uma opção político sentido».
Para o Secretário-Geral, nestas empresas, «estamos perante accionistas e capitalistas que se estão nas tintas» para o que vendem, desde que dê lucro, lembrando, ainda, que estes casos de privatizações foram, e são, «o campo mais fértil para toda a dinâmica da corrupção, do compadrio, do tráfico de influência».