Massacre na Faixa de Gaza soma 20 mil mortos e mais de 52 mil feridos

Intensificaram-se os ataques israelitas nos territórios palestinianos ocupados. Na Faixa de Gaza já foram mortos cerca de 20 mil palestinianos e ficaram feridos mais de 52 mil, sendo a maior parte das vítimas crianças e mulheres. No Conselho de Segurança, os EUA continuam a travar uma resolução que preconize o cessar-fogo imediato e permanente.

EUA e seus aliados enviam mais navios de guerra para o Mar Vermelho

Dezenas de palestinianos foram mortos ou feridos, na quarta-feira, 20, em resultado dos bombardeamentos israelitas na Faixa de Gaza, em especial no campo de refugiados de Jabalia, no norte do enclave, e na cidade de Khan Yunis, no sul.

Os ataques israelitas, intensificados nos últimos dias, já mataram quase 20 mil pessoas e feriram mais de 52 mil, havendo também milhares de desaparecidos e cerca de dois milhões de palestinianos deslocados.

No plano diplomático e após a aprovação da resolução na Assembleia Geral das Nações Unidas, o Conselho de Segurança da ONU mantém o debate centrado na urgência da cessação das hostilidades e na necessidade da ajuda humanitária. Foi apresentado pelos Emiratos Árabes Unidos um projecto de resolução elaborado após alargadas negociações. O texto expressa profunda preocupação pela terrível situação humanitária no território palestiniano, em rápida deterioração, e o seu grave impacto nos civis.

Falando a partir de Jerusalém, para informar o Conselho de Segurança sobre a catastrófica situação na Faixa de Gaza, o enviado especial da ONU para o Médio Oriente classificou 2023 como «um dos piores anos» na Palestina.

A situação, alertou, deteriora-se cada dia que passa e a entrada de ajuda humanitária enfrenta desafios insuperáveis. «Face às populações deslocadas à força a uma escala inimaginável e às hostilidades activas, o sistema de resposta humanitária está à beira do abismo», avisou, manifestando profundas preocupações pela escalada da violência também na Cisjordânia.

Intervindo no Conselho de Segurança, o representante permanente da Rússia na ONU, Vasili Nebenzia, acusou os EUA de serem o único país a opor-se ao fim da agressão à Palestina. «Não seria exagerado dizer que há um consenso no mundo sobre a necessidade de um cessar-fogo humanitário imediato na Faixa de Gaza e o único Estado que se opõe, enfrentando toda a comunidade internacional, são os EUA», insistiu.

Por sua vez, o embaixador chinês nas Nações Unidas, Zhang Jun, revelou que a China propõe a convocação de uma conferência internacional de paz que procure resolver o conflito entre Israel e a Palestina na base de uma solução de dois Estados. «A China pede uma conferência internacional de paz que seja de grande escala, alcance e efeitos, bem como a formulação de um cronograma e um roteiro, para que a solução de dois Estados possa realmente concretizar-se», pormenorizou. O diplomata destacou que qualquer solução deve respeitar a vontade do povo palestiniano, ter em conta as preocupações dos países da região e não se desviar da solução de dois Estados.

Israelitas usam fome como arma de guerra

Mais de 71 por cento dos habitantes da Faixa de Gaza sofrem de níveis severos de fome devido à agressão israelita, que inclui a imposição de um cruel e desumano bloqueio total. Um estudo do Monitor Euro-mediterrânico de Direitos Humanos (Euro-Med) destaca que 98 por cento dos entrevistados afirmaram que não consomem alimentos suficientes.

Segundo o inquérito, que abrangeu 1200 pessoas a viver no território sob total bloqueio israelita, os habitantes vivem com apenas um litro e meio de água por dia por pessoa.

A Euro-Med denunciou que os israelitas incrementaram drasticamente a sua estratégia para provocar a fome na Faixa de Gaza, numa tentativa de agravar ainda mais as difíceis condições de vida dos palestinianos: «A guerra de fome israelita seguiu rumos muito perigosos» ao cortar todos os fornecimentos de alimentos à metade norte do território, considerou a organização, denunciando também o «bombardeamento e a destruição de fábricas, padarias, lojas de alimentos, reservatórios e tanques de água».

Já antes do incremento da agressão israelita, cerca de 70 por cento das crianças da Faixa de Gaza sofriam de diversos problemas de saúde, como desnutrição, anemia e debilitamento da imunidade. Essa percentagem cresceu agora para mais 90 por cento.

O Crescente Vermelho Palestina advertiu que a Faixa de Gaza sofre uma fome de grandes proporções devida à falta de alimentos. Também o Programa Mundial de Alimentos indicou que metade da população do território morre de fome e que nove em cada 10 pessoas não conseguem comer todos os dias.

 

Escalada de tensão no Mar Vermelho

O movimento Ansar Alá, dos hutis, que governa o Iémen, reiterou que as suas operações no Mar Vermelho contra navios israelitas ou que navegam para Israel prosseguirão até que Israel pare os seus crimes e comece a entrega sem restrições de ajuda humanitária aos palestinianos na Faixa de Gaza.

Um dirigente do movimento, Husam Asad, afirmou que a coligação militar criada pelos EUA para proteger os barcos israelitas no Mar Vermelho é a mesma que procura manter o bloqueio dos palestinianos na Faixa de Gaza, sublinhando que «Washington deve assumir a responsabilidade das consequências e do resultado de qualquer escalada ou militarização do Mar Vermelho», realçou.

A zona em questão – o Mar Vermelho e a sua ligação ao Golfo de Áden, através do Estreito de Bab el-Mandeb – é uma zona crucial para a navegação internacional.

No dia 18, antes de se deslocar uma vez mais a Telavive, o secretário de Defesa dos EUA, general Lloyd Austin, anunciou o começo de uma operação militar com o objectivo de «proteger» a navegação no Mar Vermelho. Liderada por Washington, é apoiada pelo Reino Unido, França, Canadá, Espanha, Países Baixos, Noruega, entre outros países.

 

 

 



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