Chilenos rejeitam em referendo projecto reaccionário de Constituição
No Chile, foi rejeitada em referendo, que decorreu no domingo, 17, a proposta constitucional apresentada pela direita e extrema-direita. O projecto de Constituição submetido pelo Partido Republicano e aliados recebeu o voto contra de 55,76 por cento dos eleitores, quase 12 pontos acima dos que o apoiaram, que obtiveram 44,24 por cento.
O presidente Gabriel Boric anunciou que, perante a expressão e a vontade da soberania popular, está encerrado durante o resto do seu mandato o processo constitucional.
Assim, após duas propostas referendadas e rejeitadas, continuará vigente no Chile a Constituição imposta em 1980 pela ditadura de Augusto Pinochet e depois modificada parcialmente durante os governos da chamada «concertação para a democracia».
Depois de conhecidos os resultados do referendo, as forças políticas que apoiaram a rejeição do projecto reaccionário de Constituição – entre as quais o Partido Comunista do Chile – saudaram a «jornada cívica exemplar» e sublinharam que o povo chileno «manifestou com força e clareza a sua posição».
Na sua declaração, as forças democráticas afirmam que têm pela frente «a urgente necessidade de sintonizar a agenda do Chile real com as prioridades do sistema político, isto é, segurança, crescimento económico, emprego, pensões, saúde e educação». E realçam que «o Chile não nos perdoará continuar a adiar o que desde há décadas vem a ser adiado. É tempo de construção, acordos, trabalho e unidade». Sublinhando ter ficado claro que o projecto de país e de sociedade que a proposta de Constituição oferecia não correspondem às aspirações das famílias chilenas e ainda menos às bases de construção de um País de que todos se sintam parte, para continuar avançando.