PCP questiona despedimento de 150 no Global Media Group
O Governo tem de dar explicações acerca do despedimento colectivo, afectando, sobretudo, o JN e a TSF e acerca da alienação de capital do Global Media Group (GMG) na estrutura accionista da Agência Lusa, considera o Partido.
O que fará o Governo para salvaguardar os postos de trabalho?
Em pergunta dirigida ao Governo, dia 24 de Novembro, após ter tomado «conhecimento de que o GMG comunicou a intenção de proceder a um despedimento colectivo abrangendo centena e meia de trabalhadores, que poderá atingir especialmente a capacidade editorial de órgãos de informação como o “Jornal de Notícias” e a TSF», o Grupo Parlamentar do PCP quer que o executivo PS esclareça o conhecimento que tem sobre a situação económica e social da empresa, «que acompanhamento está a fazer, ou tenciona fazer, do anunciado despedimento colectivo» e «que diligências pretende tomar para salvaguardar os postos de trabalho e os direitos dos trabalhadores».
Por apurar está, ainda, a avaliação que o Governo faz da «composição accionista da GMG, desde logo do ponto de vista da transparência da propriedade», «de que apoios concretos – directos ou indirectos – do Estado tem beneficiado a empresa», bem como se «decorrem ou se perspectivam negociações entre o Governo e a GMG e/ou a Páginas Civilizadas, ou seus representantes, com vista à aquisição, pelo Estado, das respectivas participações na Agência Lusa».
Neste último particular, «em caso afirmativo, em que termos e com que limites, designadamente quanto ao valor da operação em causa», indagam os deputados comunistas.
Opacidade
A intenção de despedir cerca de 150 trabalhadores ocorreu após o GMG ter «concluído um processo de reestruturação accionista, com a entrada do fundo de investimentos World Opportunity Fund (WOF), de composição desconhecida, no seu capital».
Em seguida, o GMG procedeu à recomposição da respectiva administração e alienou, a favor de um dos seus accionistas – a empresa Palavras de Prestígio, do empresário Marco Galinha/Grupo Bel –, as revistas “Evasões”, “Volta ao Mundo” e “Mens’Helth”, diminuindo assim os seus activos.»
Por outro lado, sustenta também o PCP, «é público que o empresário Marco Galinha, até há pouco presidente da GMG, pretendia alienar os 45,71% do capital da Lusa, que controlava – 23,36% através da GMG e 22,35% via empresa Páginas Civilizadas, então pertencente ao Grupo Bel, por si detido, mas que em Outubro passou a ser controlada (51%) pelo referido fundo WOF».
Indignação
Quem também pediu esclarecimentos foram os trabalhadores do JN, que logo no dia 24, em plenário, os solicitaram à administração do GMG. Em comunicado, citado pela Lusa, os trabalhadores informaram que os seus representantes foram convocados pela administração, tendo-lhes sido transmitida «”a intenção de proceder ao despedimento colectivo de 140 a 150” trabalhadores no grupo».
Em causa, de acordo com as mesmas fontes, estão «56 trabalhadores dos serviços partilhados e sector comercial, 40 da redacção do Jornal de Notícias, 30 da TSF e um número ainda indefinido em O Jogo».
No mesmo plenário, a redacção do JN exigiu que o cabal esclarecimento da situação por parte da administração do GMG ocorresse até ontem, dia 29, convocou novo plenário para hoje, 30 de Novembro, e solicitou ao Sindicato dos Jornalistas (SJ) a preparação de um pré-aviso de greve para os dias 6 e 7 de Dezembro.
Em comunicado, o SJ qualificou de «inadmissível, inviável e impensável» o despedimento colectivo «com impacto primordial na TSF e no JN».
Já o Sindicato dos Trabalhadores de Telecomunicações e Comunicação Audiovisual (STT) acusou o GMG de «terrorismo laboral».