Bloqueio dos EUA contra Cuba em debate nas Nações Unidas
Havana divulgou o projecto que a Assembleia Geral das Nações Unidas vai discutir nos próximos dias sobre o criminoso bloqueio imposto pelos EUA a Cuba há mais de seis décadas.
Bloqueio norte-americano provoca danos à economia de Cuba de mais de 400 milhões de dólares por mês
O governo cubano publicou um projecto de resolução intitulado «Necessidade de pôr fim ao bloqueio económico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos da América contra Cuba» que será submetido à Assembleia Geral das Nações Unidas nos dias 1 e 2 de Novembro próximo.
Em Havana, o ministro dos Negócios Estrangeiros cubano, Bruno Rodríguez, qualificou de «genocida» o cerco unilateral e denunciou as perdas que provoca ao país, as quais ultrapassam um milhão de milhões de dólares. Pormenorizou que os prejuízos causados pela medida representam mais de 405 milhões de dólares mensais ou um milhão de dólares em cada duas horas.
O Produto Interno Bruto de Cuba teria crescido em 2022 cerca de nove por cento se não fosse o bloqueio norte-americano. «Os danos resultantes do cerco nestes 60 anos, calculados a partir do valor do ouro, alcançam um milhão de milhões, 337 mil milhões de dólares, perdas insuportáveis para qualquer economia do mundo», precisou.
O bloqueio contra Cuba tem um impacto letal com prejuízos económicos directos e indirectos e procura privar o país das receitas financeiras que são indispensáveis para adquirir alimentos, tecnologias, abastecimentos, além de provocar prejuízos no sector do turismo, explicou o ministro.
Hoje, os EUA continuam a ignorar a posição das Nações Unidas, cuja Assembleia Geral votou numa trintena de ocasiões a favor da eliminação sem condições dessa política desumana. Apesar de tal exigência mundial, os objectivos do bloqueio continuam inalterados – destruir a economia cubana, impedir o acesso a financiamento, provocar privações de todo o tipo na população e fazer colapsar a revolução.
Paz justa e duradoura
no Médio Oriente
Cuba reiterou a sua profunda preocupação pela escalada de violência entre Israel e a Palestina e considerou uma necessidade inadiável a obtenção de uma paz justa e duradoura no Médio Oriente.
O governo cubano, através de uma declaração do seu Ministério dos Negócios Estrangeiros, repudiou a morte de civis e pessoas inocentes de todas as partes envolvidas nesse conflito, sem diferenciar etnia, nacionalidade ou fé religiosa.
Além disso, condenou energicamente os assassinatos de civis, especialmente de mulheres, crianças e trabalhadores humanitários do sistema das Nações Unidas, assim como os bombardeamentos indiscriminados contra a população de Gaza e a destruição de habitações, hospitais e infra-estrutura civil. Denunciou também a privação do fornecimento de água, electricidade e combustível à população de Gaza, acções que constituem graves violações do direito internacional humanitário, refere o texto.
O país caribenho apelou às partes que cessem as hostilidades, facilitem a entrega de ajuda na faixa de Gaza e parem a retórica belicista que se intensificou nos últimos dias.
Reafirmou o seu apoio a uma solução ampla, justa e duradoura para o conflito entre as duas partes, na base da criação de dois Estados, que permita o exercício do direito à livre determinação do povo palestiniano. Nesse contexto, Cuba apoia a criação de um Estado palestiniano independente e soberano, dentro das fronteiras anteriores a 1967, com Jerusalém como capital, e que garanta igualmente o retorno dos refugiados.
A declaração insta também o Conselho de Segurança da ONU a cumprir o seu mandato e a pôr fim à impunidade de Israel, a potência ocupante, da qual os EUA têm sido cúmplices historicamente ao obstruir e vetar de maneira reiterada a acção desse órgão, o que mina a paz, a segurança e a estabilidade regional. E apela à busca de uma rápida solução pela via da negociação que pare esta escalada da violência e as suas gravíssimas consequências humanitárias.