Médicos em grande greve exigem actos pelo SNS

A adesão de cerca de 85 por cento, no primeiro dia da greve convocada pela Federação Nacional dos Médicos (FNAM) para anteontem e ontem, reforça a necessidade de o Governo dar passos concretos.

É a dedicação dos profissionais de Saúde que permite que o SNS ainda funcione

Lusa

A presidente da FNAM, em declarações aos jornalistas durante uma concentração, na terça-feira à tarde, em frente ao Ministério da Saúde, alertou que, com uma reunião marcada para hoje, o Governo ainda não tinha enviado nenhuma documentação aos sindicatos.

«Habituámo-nos agora, no fim, a não confiar nas palavras do senhor ministro da Saúde», disse Joana Bordalo e Sá. Ao fim de 16 meses de negociação, foi apresentada na semana passada «apenas uma projecção», mas «temos de ver essas propostas concretizadas». Citada pela agência Lusa, a dirigente sindical frisou que «precisamos de ver esta abertura em documentos, num articulado como deve ser e que responda às reivindicações e às soluções de que os médicos precisam para estar no Serviço Nacional de Saúde».

Para ontem, segundo dia de greve, foi convocada uma reunião extraordinária do Conselho Nacional da FNAM, em Coimbra. Os dirigentes sindicais iriam «analisar em profundidade as projecções apresentadas no Ministério». «Sabemos bem quais as linhas vermelhas» a defender na ronda negocial de dia 19, afirmava-se num comunicado que a federação emitiu ao final da tarde de dia 17.

A FNAM destacou que a adesão à greve e a concentração de «mais de meio milhar de médicos, vindos de todo o País», numa tarde de chuva, «confirmam a unidade» destes profissionais «na defesa da carreira e do SNS».

Em solidariedade com a luta dos médicos, estiveram na concentração Sebastião Santana, coordenador da Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública, e Isabel Camarinha, Secretária-Geral da CGTP-IN.

 

Respeito e valorização

«Estão a defender os seus direitos, uma exigência justíssima, mas também estão a defender o SNS e os utentes», comentou o Secretário-Geral do PCP, que compareceu na concentração, integrado numa delegação de que fizeram parte Jorge Pires (da Comissão Política do Comité Central), Bernardino Soares (do Comité Central) e Alma Rivera (do CC e deputada).

Paulo Raimundo sublinhou que, «se os médicos forem respeitados e valorizados, se tiverem condições para trabalhar, de certeza que optam pelo SNS, vestem a camisola do SNS». Assinalou que «o espírito de missão e o espírito de dedicação» dos médicos e demais profissionais da Saúde são uma marca «tão importante, que é aquilo que permite ainda que o SNS funcione».

«As medidas anunciadas recentemente sugerem que os utentes deixem, durante dois anos, de ir às Urgências», uma vez que «o Governo afirma que precisa de dois anos» para resolver a falta de médicos. «No fundo, o que dizem é “durante dois anos, aliviem as Urgências, vão para o privado”», resumiu, acusando o Governo de estar «apostado no desmantelamento do SNS».

A propósito, Paulo Raimundo observou que «passam agora dois anos desde a discussão do OE para 2022». São dois anos que poderiam ter sido bem aproveitados, «se, nessa altura, o PS não tivesse recusado as propostas que fizemos, em particular na Saúde, com caminhos para investir no SNS e fixar profissionais».

 



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