«O povo unido jamais será vencido»: canção de resistência e luta fez 50 anos
Escrita há meio século pelo chileno Sergio Ortega, juntamente com o grupo Quilapayún, a emblemática canção de resistência O povo unido jamais será vencido continua hoje a ser cantada em diferentes latitudes pelos povos em luta.
Este hino foi criado durante a presidência de Salvador Allende, no Chile, no quadro da resistência e resposta popular às manobras e ingerências dos Estados Unidos da América (EUA) e da oposição de direita visando derrubar o governo da Unidade Popular, formado por socialistas, comunistas e outras forças de esquerda e progressistas.
A canção foi interpretada pela primeira vez em público apenas três meses antes do golpe de Estado fascista de 11 de Setembro de 1973, liderado por Pinochet em conluio com Washington.
Nascido em 2 de Fevereiro de 1938, em Antofagasta, Sergio Ortega fez parte do movimento da Nova Canção Chilena, descrito como «uma fusão de ritmos e estilos com consciência social».
Militante do Partido Comunista do Chile (PCC) e exilado após o golpe de Pinochet, residiu em França até à sua morte, em 2003. O compositor deixou vasta obra e, entre as suas peças, figuram também «Venceremos», a ópera «Fulgor e morte de Joaquim Murieta», com texto de Pablo Neruda, «A Forja», «Cantos para Chilenos» e a cantata a Bernardo O’Higgins intitulada «Poema sonoro para o pai da minha pátria». Mas a sua obra mais popular e com mais versões a nível internacional é «O povo unido jamais será vencido».
Trata-se uma canção que «hoje em dia tem plena vigência» e «canta-se em muitos lugares porque é o sentir de quem luta por uma vida melhor», considera o locutor e produtor radiofónico chileno Miguel Davagnino, citado pela Prensa Latina.
Após o golpe de Estado fascista de 1973, no Chile, a peça musical converteu-se em símbolo da resistência contra a ditadura de Augusto Pinochet. E também foi emblemática em tempos mais recentes, durante as grandes manifestações de 2019 contra as desigualdades sociais e o modelo neoliberal no país.
Para o alcaide da comuna de Recoleta, Daniel Jadue, dirigente do PCC e ex-candidato à presidência da República, o compositor e músico inspirou e vai continuar a inspirar muitas gerações. «Há um conjunto de chilenos, como Pablo Neruda, Salvador Allende, Victor Jara e Sergio Ortega, que transformaram os chilenos num povo de dimensão universal e tiraram-nos deste pequeno território preso entre o mar e a cordilheira», afirmou o autarca comunista.