Luta dos professores com mais razão

O primeiro-ministro, com as suas declarações na entrevista televisiva de segunda-feira à noite, deu aos professores «razões acrescidas para continuarem a lutar», nomeadamente, pela recuperação do tempo de serviço, que António Costa voltou a recusar.

O comentário foi de Mário Nogueira, Secretário-Geral da FENPROF, ontem, ao final da manhã, durante a concentração nacional de docentes que a plataforma de nove estruturas sindicais levou a cabo, junto da residência oficial do primeiro-ministro.

Ali foi deixada uma moção, voltando a colocar os grandes problemas que a educação e os professores enfrentam.

Foi claramente reafirmada a determinação de prosseguir a luta, ainda nesta «semana europeia dos professores», que culmina na sexta-feira, dia 6, com uma greve nacional.

Ainda sobre os argumentos repetidos pelo primeiro-ministro na televisão, Mário Nogueira lembrou que para a maioria das carreiras, na Administração Pública, todo o tempo de serviço com contagem congelada foi já recuperado. O mesmo sucedeu com os professores nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira.

O dirigente sindical, citado pela agência Lusa, assinalou ainda que o custo da recuperação do tempo de serviço, para a justa e devida progressão na carreira docente, é hoje muito inferior aos valores que o Governo avançava há cerca de cinco anos, na altura em que o primeiro-ministro dramatizou as consequências de, no Parlamento, ser aprovada essa medida. Não passou, então, devido ao voto contrário dos deputados do PS e do PSD.

 

Falta de professores

Entre os problemas que afectam as escolas, destaca-se «a falta de professores nas escolas, principalmente nas regiões de Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve», uma situação «que se poderá estender ao restante território, pelo menos em algumas disciplinas, à medida que o ano lectivo avance e milhares de docentes se aposentem», como as organizações sindicais (ASPL, FENPROF, FNE, Pró-Ordem, SEPLEU, SINAPE, SINDEP, SIPE e SPLIU) assinalaram, dia 2, ao anunciarem a concentração de ontem.

Para a subsistência e agravamento do problema, como assinalaram os sindicatos contribuem, entre outros factores: a desvalorização dos salários, devido a actualizações em valor inferior ao da inflação, «e muito por força da não contagem do tempo de serviço cumprido, para efeitos de enquadramento na carreira»; «a especulação a que hoje se assiste no custo da habitação, bem como o elevado custo dos combustíveis»; a precariedade e instabilidade; a recusa de mobilidade por doença; as condições de trabalho, «desde logo os horários, que são esmagadores»; o envelhecimento da profissão.

As organizações sindicais de professores «não exigem que tudo se resolva de uma só vez, mas não abdicam de discutir e negociar soluções que dêem resposta aos problemas até ao final da actual legislatura».

 



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