BRICS, sinais de esperança
A XV Cimeira dos BRICS (Brasil, Federação Russa, Índia, China e África do Sul), realizada em Joanesburgo, África do Sul, de 22 a 24 de Agosto, ficará para a História desta organização e da própria situação internacional.
O imperialismo norte-americano, e em geral os países do G7, tentaram desvalorizar, diminuir e mesmo boicotar esta cimeira. Durante e após a sua realização tentaram de tudo para lançar «casos» e alimentar a tese de que os BRICS, pela diversidade ideológica dos governos que os compõem, são um poço de contradições que não terá futuro.
Ora, em Joanesburgo, com uma guerra a decorrer na Europa, com uma situação económica mundial muito delicada, sujeitos a pressões, boicotes e chantagens enormes, seis novos membros entram já em 2024 (Argentina, Arábia Saudita, Irão, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Egipto) e foram admitidos 16 outros países numa lista de futuras adesões. Os BRICS representam agora 46% da população mundial e 37% do PIB Mundial. O G7, 9% e 29,9%, respectivamente.
Para lá de importantíssimas decisões que passo a passo estão a afirmar uma alternativa a todo o sistema de domínio económico e financeiro dos EUA e da União Europeia, esta cimeira dos BRICS foi mais um exemplo de uma realidade em evolução. O mundo está a mudar. A realidade objectiva é cada vez mais diferente dos desejos e cenários construídos pelos meios de manipulação do imperialismo. As velhas potências coloniais e imperialistas estão em declínio e o grande mundo, aquele dos povos e das nações a que o imperialismo se habituou a dar ordens e a dominar, está a tentar abrir caminhos próprios, diferentes, no relacionamento entre nações.
Só este facto, e independentemente das naturais diferenças e complexidades de processos desta configuração, já é por si só de uma enorme importância. É que as profecias dos teóricos do imperialismo, como Fukuyama, que afirmavam que perante o domínio liberal (leia-se imperialista) da economia e da política, não haveria mais espaço para a afirmação de relações internacionais que não dependessem do centro de poder (ou seja dos EUA e seus aliados mais directos), e que não haveria questões de classe ou nacionais capazes de questionar tal ordem mundial, estão a cair por terra. Até já Guterres, que foi à cimeira dos BRICS, ou Macron, o reconhecem. Chamam-lhe uma ameaça à ordem vigente ou o «risco do enfraquecimento da Europa e do Ocidente». Estão errados, são sinais de esperança e de mudança.