Vozes do Sul Global devem ser escutadas

Carlos Lopes Pereira

«BRICS e África: associação para o crescimento mutuamente acelerado, o desenvolvimento sustentável e o multilateralismo inclusivo» – diz quase tudo, quanto aos objectivos, o lema da 15.ª Cimeira dos BRICS, que se realiza em Joanesburgo, de 22 a 24 deste mês.

Em Pretória, o governo sul-africano anunciou que 34 países confirmaram a participação em reuniões associadas à Cimeira. De forma paralela ao encontro dos chefes de Estado e de governo dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), terão lugar o Diálogo BRICS Plus e o BRICS Africa Outreach [Divulgar os BRICS em África], eventos que incluem países do continente africano e de todo o chamado Sul Global.

O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, convidou 67 altos dirigentes de países, de todos os continentes, a participar nesses encontros associados. Além disso, estendeu os convites a 20 personalidades internacionais, como o secretário-geral das Nações Unidas, o presidente da Comissão da União Africana, a presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (dos BRICS) e os presidentes e responsáveis executivos das comunidades económicas regionais africanas.

Foi proposto aos participantes nesses fóruns paralelos reflectir sobre o fortalecimento de associações com vantagens mútuas entre países visando o crescimento, o desenvolvimento, a paz e o multilateralismo inclusivo.

De acordo com dados de organizações financeiras internacionais, a soma do PIB dos países que integram os BRICS, em termos de paridade de poder de compra, supera a dos países do G7.

Para a ministra sul-africana dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Naledi Pandor, «isso é uma clara demonstração da necessidade de as vozes dos BRICS, juntamente com as dos países do Sul Global e do continente africano, convergirem e serem escutadas e respeitadas na governança económica, financeira e política mundial». No conjunto, lembrou a diplomata, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul têm cerca de 42 por cento da população do planeta, com quase 30 por cento do território, à volta de 27 por cento do Produto Interno Bruto mundial e aproximadamente 20 por cento do comércio internacional.

Naledi Pandor expressou a convicção de que em finais de 2023 os BRICS estarão mais fortes, com benefícios para os países do Sul Global. A próxima Cimeira, considerou, será ocasião para os membros do grupo debaterem o estado da cooperação, considerarem os desenvolvimentos regionais e mundiais e avaliarem a situação da reforma da denominada governança global. Nesses três dias, revelou, «planeamos concretizar programas definidos e práticos para fortalecer a associação BRICS-África e um caminho traçado até uma maior inclusão da comunidade mundial do Sul nos benefícios da recuperação económica global e de uma ordem mundial transformada».

Até ao final de 2023, sob a presidência sul-africana, prosseguirá o programa de cooperação mutuamente vantajosa. Haverá reuniões sectoriais dos ministros de Gestão de Desastres, dos Transportes, do Turismo, entre outras, e o Fórum Parlamentar BRICS.

Ainda antes da 15.ª Cimeira, efectua-se um encontro de âmbito económico com o objectivo de fomentar o crescimento, promover a cooperação, atrair investimentos e mostrar oportunidades na África do Sul, em África e nos países BRICS.




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