Os eleitos percorreram, ao longo de quatro dias, cerca de 900 quilómetros nas estradas de Trás-os-Montes e Alto Douro. Viagem turística, não foi com certeza. As mais de 30 iniciativas - dividas por 13 concelhos –, envolveram muitos militantes e amigos do PCP, tendo permitido aos deputados recolher um acervo de informação, valioso e multifacetado, sobre a situação naquela região.

Os problemas dos produtores agrícolas estiveram presentes do início ao fim. Nos contactos com populações, produtores e associações do Vale da Vilariça, Torre de Moncorvo, Santa Marta de Penaguião, apuraram-se as consequências da seca, do esvaziamento de competências do Ministério da Agricultura, da falta de infra-estruturas que possibilitem a transformação de produtos e acrescentem valor e emprego à economia local e que libertem os produtores - tal como referiram os fruticultores de Carrazeda de Ansiães – do domínio dos grossistas, da grande distribuição, das seguradoras e dos bancos. Dias depois, numa sessão pública, em Vila Pouca de Aguiar, com membros de Associações de Baldios e do Sector Camponês, os deputados ouviram descrições de problemas similares, a que ainda se somam os prejuízos resultantes da proliferação de javalis e de ataques do lobo ibérico.

Do lado certo, todos os dias

Sandra Pereira contactou com agentes da cultura em Vila Real. Na Filandorra (Teatro do Nordeste), reuniu com directores e artistas, inteirando-se do trabalho e luta de uma companhia de teatro sem financiamento da DGArtes. Já na Campeã, ouviu Carlos Balsa, defensor do património local e organizador dos «Colóquios Viários do Marão», explicar a importância do arco memorial que ali se encontra, aguardando, precariamente, a classificação como monumento nacional ou património de interesse público.

Por sua vez, João Pimenta Lopes esteve com trabalhadores do Hospital e Câmara Municipal de Chaves e percorreu as ruas daquela importante cidade - atipicamente vazias -, para falar com os empresários do comércio local – que já viu melhores dias – e ouvir testemunhos francos, vindos de pensionistas que vivem com dificuldades, de utentes do SNS que não conseguem consulta e de trabalhadores que, ao final da tarde, ao saírem do empresa, dizem ainda ter «mais duas horas de trabalho no campo».

Em todas estas iniciativas, tal como nas muitas conversas havidas, ficou sempre um compromisso dos deputados e dos membros das organizações locais e regionais do PCP: «podem contar com o PCP todos os dias». Seja para as grandes questões nacionais, como a luta por melhores salários, pensões, serviços públicos e direito à habitação, seja para as questões regionais e locais: como o questionamento à Comissão Europeia sobre o extraordinário potencial de produção agrícola da região e a necessidade de investimento em armazenamento de água, por forma a fazer face às necessidades de regadio; ou, ainda, o questionamento ao Governo sobre a necessidade de reverter a redução da área de pastoreio para o encabeçamento dos animais – com base nas práticas locais e nas raças autóctones de Trás-os-Montes.