Alegria de viver e lutar em convívio do PCP em Oliveira de Azeméis
Muitos foram os militantes comunistas e amigos da região de Aveiro que seguiram, no dia 24, até ao Parque Urbano dos Cavaleiros, em Oliveira de Azeméis, para um almoço-convívio que contou com a participação de Paulo Raimundo, Secretário-geral do PCP.
«Sejam muito bem-vindos», foi assim que Paulo Raimundo escolheu iniciar a sua intervenção. O Secretário-geral referia-se a todos os que, mesmo não sendo militantes do Partido, não se tinham deixado dissuadir pelo calor que se fez sentir e participaram naquele almoço e convívio em Oliveira de Azeméis. «Uma saudação a todos aqueles que, não sendo membros do PCP, aqui estão connosco. Ao participarem, também são construtores deste convívio. Contámos, contamos e contaremos convosco e com a vossa disponibilidade para as imensas lutas que temos pela frente», salientou.
Como evidenciou o dirigente do PCP, a alegria foi o elemento mais constante ao longo de todo o convívio. Elemento este que, em conjunto com uma «força enorme de viver», é «característica dos comunistas». Uma característica que «é dos comunistas portugueses, porque é também um atributo do povo português». «Somos o que somos, porque também somos deste povo», realçou.
Antes das intervenções políticas, já Fernando e Paulo tinham pontuado o convívio dos militantes com várias músicas que percorreram o reportório de vários artistas nacionais e estrangeiros.
Todos diferentes, mas todos iguais
«Somos nós que criamos riqueza e pomos a economia a funcionar, mas vemos a passar-nos pelos dedos das mãos toda essa riqueza para ir parar aos bolsos de uma pequena minoria», observou Paulo Raimundo. Uma realidade que acresce, como apontou o dirigente, ao difícil cenário de todos os dias.
70 por cento do emprego criado em 2022 é precário e, por tal, traduz-se em instabilidade e insegurança. Mais de 350 mil trabalhadores laboram, em média, 49 horas por semana e um milhão e 800 mil trabalhadores laboram por turnos, à noite, sábados, domingos, feriados, com o que isso implica em dificuldades em conciliar a vida familiar com a profissional. Três milhões de trabalhadores ganham menos de mil euros brutos por mês. Dois milhões de pessoas enfrentam a pobreza, das quais 345 mil crianças. Muitos são aqueles que trabalharam a vida inteira e que chegam à reforma com condições indignas.
«É esta a realidade de todos os dias, são estes os problemas a que é preciso dar resposta e não perder tempo com falsas polémicas e aparentes problemas», criticou Paulo Raimundo, acrescentando que essas «berrarias e aparentes discordâncias» só servem para «distrair e desviar a atenção da outra face da realidade, a da injustiça».
«A brutal e crescente desigualdade, pela qual o PS, PSD, CDS, Chega, IL, são os únicos e directamente responsáveis», acusou. «Nós não os confundimos e sabemos bem que não são todos iguais, mas sempre que se toca na defesa dos interesses dos grandes grupos económicos e a travar as ambições de quem trabalha e trabalhou uma vida inteira, independentemente das diferenças que têm, lá estão eles todos alinhados», acrescentou ainda.
Luta tem de continuar
Duas intervenções antecederam a do Secretário-geral: Matilde Ferreira, da Comissão Política da Direcção Nacional da JCP, e Mafalda Guerreiro, da Direcção da Organização Regional de Aveiro e do Comité Central do PCP.
A primeira aprofundou os vários problemas que mais têm afligido os jovens portugueses, rapidamente passando às questões regionais mais concretas, como o impedimento da criação de uma Associação de Estudantes na Escola Profissional de Aveiro ou o encerramento da Cantina do Crasto e o Regime Fundacional na Universidade de Aveiro. A todos estes e outros problemas os jovens do distrito responderam com luta. A todos os jovens e trabalhadores «desafiamo-vos a que tomem partido e que façam das injustiças força para lutar, por um sistema ecologicamente equilibrado e que promova a paz, pelo direito à escola pública, pelo fim da propina e pelo fim da precariedade», terminou.
Mafalda Guerreiro começou por lembrar que a população do distrito não passa ao lado das dificuldades sentidas em todo o País. Aliás, Aveiro continua a ser o quinto distrito com mais desempregados e, apenas nos primeiros quatro meses do ano, verificaram-se 56 novos casos de insolvência e o encerramento de 288 empresas. No que concerne a serviços públicos, o cenário não é melhor: falta de transportes públicos, encerramento de serviços bancários e de resposta nos cuidados de saúde, falhas nos serviços da Segurança Social, da ACT ou dos tribunais.
A todos estes problemas, também as populações têm respondido com luta. Foram os casos, apenas mencionando algumas, das acções do 1.º de Maio em Aveiro; a marcha de agricultores em Estarreja; luta na empresa Siaco, em São João da Madeira; ou da Huber Tricot e da Ecco, em Santa Maria da Feira.
Na iniciativa, para além de Rosa Alves, Francisco Almeida e Óscar Ribeiro, da Organização Concelhia de Oliveira de Azeméis, esteve também presente Octávio Augusto, da Comissão Política do Comité Central.
Crianças e famílias
«Têm sofrido os trabalhadores, o nosso povo e o nosso País. Sofre também uma das maiores riquezas que temos, o presente e o futuro, que são as crianças», lamentou o Secretário-geral, voltando, no início da sua intervenção, a sua atenção para os problemas enfrentados pelas famílias. «As crianças têm direito a crescer e a serem felizes», mas, para isso, «é preciso que as suas famílias tenham condições que as permitam acompanhar esse crescimento». O PCP defende que brincar é um direito inalienável das crianças e uma questão fundamental para o seu desenvolvimento. É igualmente essencial que pais e famílias tenham tempo para essa mesma brincadeira. Para o Secretário-geral «nada disto se resolve com intenções» e «são precisas acções concretas para ajudar a resolver estes problemas». «É preciso travar horários desregulados. Pôr fim à precariedade na vida e no trabalho. É preciso aumentar salários e criar condições para o acesso à habitação, transportes, cresches e para fazer face às despesas com a habitação e saúde», completou.