Apoiar pequenos e médios agricultores para aproveitar potencialidades do País
Portugal tem possibilidades de produção agrícola que é preciso desenvolver, desde logo apoiando os pequenos e médios agricultores, reafirmou Paulo Raimundo em visita à Feira Nacional da Agricultura.
Vamos acabar com a mistificação de que é preferível comprar lá fora
O Secretário-geral do PCP visitou, dia 8, o certame que decorreu em Santarém, e constatou «potencialidades para o País avançar», não sendo «por falta de vontade, de dedicação dos agricultores», nem por ausência de condições «climatéricas, dos solos», que as possibilidades no sector primários não são desenvolvidas. A questão, detalhou, está na «opção fundamental» de promover a «capacidade produtiva», desde logo apoiando os agricultor, em particular os pequenos e médios».
Responsáveis pela errática «opção fundamental», são «os sucessivos governos» que têm executado uma «política de direita» que contraria tais potencialidades, prosseguiu Paulo Raimundo, que deu como exemplos a perda de rendimento por parte dos agricultores no ano passado em cerca de 11% e, no mesmo período, o agravamento em 50% do défice da balança comercial portuguesa.
Mudar de rumo
«Nós temos capacidade de produzir, temos gente com vontade, com a mão na terra. Façamos por isso, que é a questão fundamental que se coloca» e, «de uma vez por todas, [vamos] acabar com a mistificação de que é preferível comprar lá fora do que produzir cá dentro», insistiu o dirigente comunista, para quem essa é uma teoria cuja falácia «se está a ver todos os dias».
Apoiar a produção, em especial dos agentes de menor e de média dimensão, justamente os «mais espremidos», é o caminho, reiterou o Secretário-geral do Partido, que deu como exemplo disso mesmo o facto de estes terem ficado «de fora de um conjunto de apoios», não «os terem ainda recebido» ou verem-nos «substancialmente reduzidos».
Haja, portanto, «opções políticas que correspondam à vontade de trabalhar» observada na Feira Nacional da Agricultura, e, disse ainda Paulo Raimundo, meio caminho está feito para «olhar para o País com as suas características, com as suas potencialidades do ponto de vista da produção agrícola» e «responder às nossas necessidades». Ao invés de ficarmos «à espera daquilo que vem nos decretos da União Europeia», os quais, concluiu, está visto e comprovado, têm em conta tudo, menos as necessidades do [nosso] país».
Esclarecimento rápido para responder ao essencial
Em declarações à comunicação social à margem da visita à Feira Nacional da Agricultura, Paulo Raimundo considerou que é preciso que se «esclareça rapidamente» quem «faltou à verdade» no caso que envolveu o Serviço de Informações de Segurança (SIS) na recuperação do computador do ex-adjunto do ministro das Infraestruturas, João Galamba.
Paulo Raimundo, citado pela Lusa, salientou que não está «em condições de afirmar» quem «faltou à verdade», mas «que houve alguém, houve», e isso justifica «que se esclareça rapidamente».
Até porque, continuou, o País e os trabalhadores precisam que o País se concentre «no fundamental», ou seja, na «resposta aos problemas das pessoas», e, na iniciativa ali apreciada, «na resposta aos agricultores».
«É disso que o País precisa», reafirmou. E embora o caso que tem dado origem a «tricas» não seja «indiferente» às «coisas pequenas», é necessário que «se resolvam rapidamente porque ninguém ganha com isso. Ou melhor, os agricultores, cada um de nós, não ganhamos com isso». Quem ganha, lamentou, são os que «se envolvem nas tricas».
Para o PCP, clarificou ainda o Secretário-geral comunista, é menos importante quem ocupa cargos governativos do que a política que se executa, e, nesse sentido, a demissão de João Galamba do Governo de nada vale se se mantiver a privatização da TAP.
«Se este ministro sair e vier outro, mais forte, menos fragilizado, mas cujo objetivo, neste caso em concreto, seja privatizar a TAP, de que nos vale isso? Vale de pouco ou de nada. Só para andar aqui a entreter-nos, nome A, nome B, etc», afirmou.
Tanto assim é que, ainda a semana passada, no Parlamento, o ex-ministro Pedro Nuno Santos manifestou vontade em «empenhar-se na privatização da TAP», lembrou Paulo Raimundo. Ou seja, «mudou-se de ministro com um estardalhaço muito grande, [mas] a opção de fundo manteve-se», pelo que «o problema com que estamos confrontados é, caso mude este ministro, [tal] vale de muito pouco se a opção política for a mesma».