«Marcha pela Saúde» em defesa do Centro Hospital de Setúbal
Centenas de pessoas participaram, sábado, numa marcha em defesa do Centro Hospitalar de Setúbal (CHS). Com a situação a agravar-se, reivindicaram do Governo PS urgências abertas em permanência e mais profissionais de saúde.
Assiste-se a um degradar da situação no CHS
Numa resolução aprovada por aclamação, autarcas, profissionais de saúde, utentes e população, reunidos naquela «Marcha pela Saúde» em defesa do CHS, exigiram que o Governo tome medidas para que o Hospital funcione com urgências abertas em permanência e com profissionais de saúde que assegurem o seu funcionamento.
Antes da aprovação deste documento, na última das cinco intervenções que tiveram lugar no Largo José Afonso, o presidente da Câmara Municipal de Setúbal (CMS), André Martins, recordou que há dois anos alguns serviços do Hospital «já tinham metade dos profissionais» que eram necessários, o que originou a demissão dos directores hospitalares.
«Passaram meses, o Ministério da Saúde não tomou nenhuma decisão e os directores hospitalares apresentaram a sua demissão, mas continuaram a trabalhar para demonstrar a quem de direito o que estava a acontecer», recordou o eleito nas listas da CDU, agradecendo àqueles dirigentes pela forma como actuaram.
Hoje, sublinhou André Martins, assiste-se a um «degradar da situação» no CHS, considerando que está em causa a «capacidade política» do ministro da Saúde, Manuel Pizarro, «para responder a um direito constitucional» dos cidadãos. «Alguém tem de assumir a responsabilidade política de criar as condições para que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) tenha financiamento e garanta a permanência dos profissionais», frisou, constatando que não estão a ser «tomadas as medidas necessárias para que, a prazo, sejam criadas as condições» de acesso das populações à saúde. Previa assim que a situação vai agravar-se nos próximos meses «se não forem tomadas medidas», porque o Verão chega em breve e «as pessoas têm direito às suas férias».
«Por um SNS de qualidade para todos!»
A «Marcha pela Saúde» teve início na Praça Vitória Futebol Clube e terminou no Largo José Afonso, onde também houve intervenções dos presidentes das CM de Palmela e Sesimbra, Álvaro Amaro e Francisco Jesus, respectivamente, bem como dos representantes da Comissão de Utentes dos Serviços Públicos do Concelho de Setúbal, Rosa Maria, e do Sindicato dos Médicos da Zona Sul, Julieta Sousa.
Empunhando uma tarja onde se lia «Setúbal e a região precisam de um hospital a 100 por cento – Por um SNS de qualidade para todos!», André Martins, Álvaro Amaro e Francisco de Jesus encabeçaram a marcha, juntamente com vereadores e presidentes de juntas de freguesia.
Outras faixas e cartazes foram erguidos, e gritaram-se palavras de ordem em defesa do SNS e do CHS, reclamando, entre outras prioridades, «médicos para todos» e «mais investimento» na saúde, além da abertura a tempo inteiro das urgências pediátricas do Hospital de São Bernardo, em Setúbal.
Francisco de Jesus considerou que se tem «assistido a retrocessos» em questões concretas, como o encerramento de urgências, defendendo que «uma boa resposta dos centros de saúde, com horários alargados e profissionais em número suficiente, desanuvia o hospital».
Álvaro Amaro, por sua vez, notou que «um hospital a 100 por cento é um hospital de referência», no qual haja «valorização dos profissionais e equipamentos modernos», afirmando, a propósito da obra em curso de ampliação do Hospital de São Bernardo, que não se pode «correr o risco de ter paredes sem gente dentro».
A marcha foi convocada pelo Fórum Intermunicipal da Saúde, reunido em 23 de Março no Salão Nobre dos Paços do Concelho de Setúbal. Convocado pelos presidentes das três câmaras municipais, o Fórum, que reuniu várias entidades ligadas ao sector, discutiu a decisão da Direcção Executiva do Serviço Nacional de Saúde de, no âmbito da reorganização das urgências pediátricas na Área Metropolitana de Lisboa, encerrar ao fim de semana, de 15 em 15 dias, as urgências pediátricas do Hospital de São Bernardo.