Minsk e Moscovo acordam a colocação de armas nucleares na Bielorrússia
A Bielorrússia e a Rússia acordaram em instalar armas nucleares tácticas russas em território bielorrusso. Através da agência BelTA, as autoridades bielorrussas denunciaram as pressões políticas, económicas e mediáticas sem precedentes, da parte dos EUA, Reino Unido e aliados da NATO, a que nos últimos dois anos e meio a Bielorrússia é sujeita. Tais ingerências, acrescidas de medidas coercivas unilaterais nos planos político e económico, são acompanhadas por crescentes ameaças militares na proximidade da fronteira bielorrussa, a partir do território de países vizinhos membros da NATO.
São estas as circunstâncias que, para as autoridades bielorrussas, justificam o que consideram ser uma medida que visa garantir a sua segurança e capacidade de defesa. A cooperação militar com a Rússia, acrescentam, está em estrita conformidade com o direito internacional.
Minsk reiterou que a retórica belicista e o incremento da corrida armamentista devem ser substituídos pelo diálogo, por mecanismos multilaterais para o desarmamento, pela não-proliferação e o controlo de armas, incluindo na esfera nuclear.
Em Minsk, o governo reafirmou que a Bielorrússia continua a defender o diálogo para o reforço da arquitectura de segurança global e regional.
Por sua vez, o Kremlin considera que esta medida constitui uma resposta à instalação pelos EUA desse tipo de armamento em países da NATO na Europa, desde há anos: acolhem armas nucleares norte-americanas a Alemanha, a Bélgica, a Itália, os Países Baixos e a Turquia, num total de cerca de 150 ogivas (www.icanw.org). A Polónia tem pedido a Washington a colocação de armamento nuclear norte-americano no seu território e o Reino Unido e a França dispõem de arsenais nucleares próprios.
As autoridades russas assumem que esta decisão não viola as suas obrigações internacionais, nomeadamente os compromissos no âmbito do Tratado START III, e que a medida não é precipitada, pois há muito que o governo bielorrusso admitia a deslocação de armas nucleares russas para o seu território de modo a defender-se de uma possível agressão da NATO. Informam ainda que serão deslocados para a Bielorrússia 10 bombardeiros estratégicos capazes de transportar bombas nucleares e, até 1 de Julho, será terminado em território bielorrusso um silo para a armazenagem de armamento nuclear.
A Rússia revelou que a decisão foi tomada após o Reino Unido ter anunciado o fornecimento à Ucrânia de munições de urânio empobrecido, cuja utilização causará a contaminação das áreas de cultivo, já que são capazes de gerar poeiras radioactivas, estando classificadas como armas perigosas.