O ridículo mata
De tanto falarem sozinhos, de tanto seguirem guiões descaradamente escritos por equipas profissionais da área do espectáculo, os média que se colocam ao serviço da NATO começam a ficar ridículos.
Que os russos, sem armas há um ano, combatem com pás. Que os russos atacam sistematicamente a única central nuclear da região sob controlo russo, e nunca as cinco sob controlo ucraniano. Que se vai criar um movimento para mudar o nome da Rússia para um nome escolhido pela NATO. Que Putin tem, desde há um ano, uns meses de vida devido a uma doença incurável. Que os russos raptam as crianças do Donbass para as reeducar (é verdade que ainda não disseram que é para as comer, talvez porque Putin não é comunista). Que as tropas russas usam a violação sexual como arma sistemática. Que o ataque ao Nordstream foi provocado por acidente por um grupo de mergulhadores.
É tudo tão estúpido, tão gratuito, tão ridículo, que pode tender a ser desvalorizado. Mas este ridículo mata. Mata ucranianos principalmente, que são a maior vítima desta guerra. Sem esquecer que a russofobia promovida por toda esta estupidez pretende engajar apoios para o prolongar da guerra e para o crescente envolvimento dos países da NATO, incluindo com tropa, no conflito. E pretende criar barreiras permanentes, desumanizar o adversário, criar um Estado de guerra na Europa que dure por largos anos.
Que alguém deseje esse estado de guerra é normal. Nomeadamente os alguéns que cimentaram o seu poder planetário com duas guerras mundiais travadas, no essencial, na Europa, e que estavam a sentir a hegemonia escorregar-lhes das mãos para uma multipolaridade de que pensavam ter-se livrado.
Cabe aos povos da Europa recusarem-se a ser carne para canhão nesta guerra. E impor – pela luta – um caminho para a paz que respeite os direitos de todos os povos envolvidos.