Pela paz!

Pedro Guerreiro

Os EUA, a NATO e a UE não querem parar a guerra

Assumem grande importância e significado as diversificadas manifestações realizadas em várias capitais e outras cidades europeias, com a participação de muitos milhares de pessoas que, conscientes da grave situação na Europa e dos perigos que o seu ainda maior agravamento comporta, convergiram na rejeição da guerra, no repúdio do papel dos EUA e da NATO na promoção da escalada armamentista e do prolongamento do conflito que se trava na Ucrânia, na denúncia de que são os povos que estão a pagar os custos da guerra e das sanções, na exigência da paz.

Uma importância e significado que se revela tão mais evidente quanto estas manifestações pela paz foram quase completamente ocultadas, secundarizadas ou desvirtuadas nos seus objectivos pela generalidade dos meios de comunicação social que, diariamente e até à exaustão, destilam a apologia da guerra.

Da mais descarada mentira, deturpação e caricatura, à premeditada ocultação, vale quase tudo para fomentar e animar a campanha de desinformação quanto à convicção daqueles que se posicionam contra a guerra e a favor da paz – como faz o PCP – para melhor os atacar e estigmatizar, dando rédea solta às concepções mais reaccionárias e belicistas, ao ódio fascista.

Veja-se, como exemplo, a forma como a generalidade da comunicação social noticiou as recentes tomadas de posição do PCP, incluindo na Assembleia da República ou no Parlamento Europeu, ocultando ou descaracterizando o que o PCP afirma, para falsamente lhe atribuir o que não defende.

Na verdade, por mais que se esforcem em fomentar um manto de névoa com que procuram encobrir a realidade, é cada vez mais evidente quem está do lado da paz e quem está do lado da guerra e interessado na sua continuação.

Veja-se como os EUA, a NATO e a UE têm sistematicamente boicotado, rejeitado ou desvalorizado os diversos apelos, iniciativas e propostas que têm sido avançadas com vista a uma solução política para o conflito, como se verificou, uma vez mais, relativamente à proposta recentemente apresentada pela China.

Uma proposta que, inserindo-se num caminho de paz, contribui para expor os reais propósitos dos EUA e de todos quantos alinham com estes na sua estratégia de confrontação e guerra ou, dito de outra forma, na criação de um estado de guerra permanente, para melhor impor a sua política de exploração e opressão, de saque, de domínio neocolonial, e assim procurar assegurar as condições para gerir a sua crise, contrariar o seu declínio económico relativo e salvaguardar a sua hegemonia mundial.

A realidade está a demonstrar que os EUA não olham a meios, incluindo às mais perversas e perniciosas provocações e manobras, para alcançar os seus objectivos. O imperialismo norte-americano, com o alinhamento da NATO e da UE, não quer parar a guerra que trava na Ucrânia, pelo contrário, aposta no seu prolongamento, porque necessita dela, aliás é o primeiro e principal responsável pela sua eclosão em 2014.

Quando por todo o mundo se expressa inequivocamente a aspiração à paz, o PCP expressa a sua solidariedade para com as vítimas de uma guerra que dura há nove anos e reitera o seu firme compromisso com a luta pela paz, pela verdade, contra o militarismo, o fascismo e a guerra, pela amizade e cooperação com todos os povos do mundo.




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