A «modernidade» das Tecnológicas

Carlos Gonçalves

O conjunto de gigantes tecnológicas, Twitter e Amazon, em Novembro, e Google, Microsoft, Meta – Facebook, Instagram, Whatsapp –, já este ano, despediram 84 mil trabalhadores. Mas são muitos mais, juntando as empresas em outsourcing e nos países do bloco imperialista e os trabalhadores individuais, que abundam neste «far west» em expansão violenta e sem lei. São números brutais em linha com a hipótese de 400 milhões de desempregados em 2030.

As causas da «dispensa de colaboradores» são a competição pelos lucros (que têm crescido menos) e dividendos (cuja distribuição tem aumentado), a concentração capitalista (sempre), as perdas em bolsa (na especulação de «futuros»), o avanço da exploração (salários a baixar, há muitos anos em Portugal!), e a «modernidade» tecnológica (automação, robotização, «inteligência artificial/ IA»), com a «lógica» expulsão de trabalhadores por «inaptidão».

Esta é a realidade dos grupos económico-tecnológicos, em que a «IA» é apresentada tão só como revolução científico-tecnológica de impactos positivos, sem referir o desemprego ou toda a perversão imposta pela propriedade capitalista, que tudo comanda: desde logo, em todas as «redes sociais» USA, com a «IA», isto é, os dados e critérios inseridos para «decisão automatizada», a impor a censura e o «pensamento único», apagando 70 mil vídeos do YouTube por não apoiarem a guerra da NATO e centenas de contas do Facebook de amigos de Cuba, proibindo as «redes sociais» da China, fabricando o Russiagate nos USA, resultados eleitorais à sua medida e fake news da CIA; ou por «contágio», como diz o branqueamento da política de direita, empurrando o desemprego e a regressão de direitos nos média, que já utilizam a «IA» nas suas opiniões (que não são notícias!) – no Expresso, Observador, Correio Manhã, Público, etc. – diz a ChatGPT; ou avançando com procedimentos administrativos, designadamente nas funções públicas de soberania, como a Justiça, onde a «IA» é uma ferramenta que não garante o rigor da decisão judicial e pode conflituar com a Constituição e a Lei.

As grandes tecnológicas são um travão ao desenvolvimento e uma ameaça à democracia – uma boa razão para avançar para o seu controlo democrático e um novo sistema social, o socialismo.




Mais artigos de: Opinião

Pela paz!

Assumem grande importância e significado as diversificadas manifestações realizadas em várias capitais e outras cidades europeias, com a participação de muitos milhares de pessoas que, conscientes da grave situação na Europa e dos perigos que o seu ainda maior agravamento comporta, convergiram na rejeição da guerra, no...

Virado do avesso

A habitação está na ordem do dia. Desde logo porque constitui um inegável e imenso problema. Ao que se adiciona a centralidade mediática que ganhou com a sucessão de anúncios e promessas que, à boleia do PRR, da criação de um Ministério ou de um recente pacote de medidas, fizeram do tema «desígnio nacional». Donde seria...

Irrelevâncias

Heinrich Bücker, um activista pela paz alemão, foi condenado em Janeiro por um tribunal de Berlin por criticar publicamente a política da Alemanha em relação à Ucrânia. Multado já em 2000 euros, Bücker incorre numa pena de prisão de até três anos. Antifascista, membro do Conselho de Paz Alemão e da World Beyond War,...

Antes fosse...

O anúncio das propostas do Governo para a habitação deu aos partidos mais à direita um pretexto para recolocarem em cena uma das suas actuações favoritas (embora, reconheça-se, já um pouco gasta, de tão vista). O guião é simples: caricatura-se uma dada medida, apelidando-a de radical, mesmo que – e é o caso – nada nela o...

Mais força aos trabalhadores! Porquê, para quê?

O que distingue o PCP de todos os outros partidos é o facto de ser o Partido da classe operária e de todos os trabalhadores, confirmando uma natureza de classe que condiciona o seu posicionamento sobre todos os problemas que se lhe apresentam, que marca em primeiro lugar as suas opções...