Da vitória em Stalinegrado à luta de hoje pela paz
A Associação Iuri Gagárin promoveu, no dia 2, uma sessão evocativa dos 80 anos sobre a vitória do Exército Vermelho na batalha de Stalinegrado, que se transformou num vivo debate sobre a guerra e os caminhos para a paz.
Desescalar, desanuviar e desarmar são caminhos essenciais para a paz
«É preciso parar esta guerra enquanto é tempo, ou melhor, enquanto há tempo», afirmou o coronel José Baptista Alves na última das três intervenções que lançaram o debate. Antes, Luís Carapinha tinha destacado as alterações verificadas na última década no plano internacional, que conduziram à presente escalada de guerra, e Gustavo Carneiro alertado para o facto de a História ser um campo da batalha ideológica, no essencial escrita pelos dominantes e ao serviço de interesses do presente.
Realizado nas instalações do Clube Estefânia, em Lisboa, e moderado por Levy Baptista, o debate acabou por se centrar na grave situação de segurança que hoje se vive – não só na Europa, mas também no Extremo Oriente. E, sobretudo, na luta que há a travar para evitar novas e perigosas escaladas, alcançar a paz e promover o desanuviamento e o desarmamento, de modo a que essa paz seja justa e duradoura.
Nas várias intervenções rejeitou-se visões simplistas e redutoras acerca da guerra na Ucrânia, enquadrando-a num processo mais vasto de confrontação do imperialismo com a Rússia – e, a prazo, com a República Popular da China, «adversário estratégico» dos EUA e principal ameaça à sua hegemonia mundial. Lembrou-se os sucessivos alargamentos da NATO para Leste, rompendo promessas e compromissos assumidos; a promoção do golpe de Estado de 2014 e o apoio aos sectores mais agressivos e xenófobos do nacionalismo ucraniano; o desrespeito reiterado pelos Acordos de Minsk, que Merkel e Hollande já reconheceram ter sido intencional; e a tensão que também se agrava na Ásia, nomeadamente junto a Taiwan.
Lutar pela paz
Os EUA e a Rússia, recordou-se, são as duas principais potências nucleares, pelo que tudo deve ser feito para evitar um conflito generalizado: desescalar, desanuviar e desarmar devem ser os objectivos a perseguir por todos e não, como há muito vem sendo feito, testar as «linhas vermelhas» da Federação Russa.
Desmascarada foi, também, a política de sanções, que prejudica fundamentalmente os povos e as economias dos países da União Europeia, ao mesmo tempo que beneficia enormemente os grupos económicos da energia, dos combustíveis, da grande distribuição, da banca e a economia norte-americana: a submissão da UE aos interesses dos EUA, aliás, é precisamente um dos objectivos da política de confrontação do imperialismo, denunciou-se.
Toda esta situação insere-se na tentativa do imperialismo norte-americano em manter ao máximo a sua hegemonia mundial – que, como foi sublinhado, na verdade já nem existe: a multiplicidade de organizações de cooperação multilateral fora do seu controlo (os BRICS, a CELAC, a Organização de Cooperação de Xangai, entre outras), o impressionante crescimento económico e desenvolvimento social na China, a resistência de países como Cuba, Venezuela e Síria ou as lutas travadas em vários países da Europa contra as sanções, pela melhoria das condições de vida e pela paz, assim o atestam.