Se o Governo mantém posição cresce a luta dos professores
No primeiro dia das greves por distrito, Mário Nogueira previu que, caso amanhã as respostas do ME não sejam as que os professores esperam, «a greve vai continuar e com uma adesão ainda maior».
A Fenprof marcou para amanhã um plenário nacional junto ao ME
As declarações do Secretário-geral da Fenprof foram proferidas em Lisboa, na segunda-feira, 16, primeiro dia de uma série de greves com âmbito distrital, e na perspectiva do que possa ocorrer na reunião de negociação da revisão do regime de concursos.
A importância de manter bem viva a luta levou à convocação de uma concentração para amanhã, dia 20, a partir das 9h30, junto do ME, marcando com uma forte presença de docentes o dia da terceira sessão negocial.
As greves por distrito – que tiveram em Lisboa e, anteontem, em Aveiro, níveis de adesão que a Fenprof, o SPGL e o SPRC estimaram em 90 por cento – prosseguem até 7 de Fevereiro, seguindo a ordem alfabética, e terminam dia 8, no Porto. Em cada um dos dias de greve ocorrem concentrações nas capitais de distrito.
Para 11 de Fevereiro, um sábado, está em marcha uma manifestação nacional, em Lisboa.
Negociação com soluções
Na tarde de sexta-feira, 13, a encerrar um acampamento que a federação e os seus sindicatos mantiveram, desde dia 10, frente ao edifício do ME, Mário Nogueira tinha lembrado que «a luta dos professores não começou agora e não vai parar, enquanto o Governo não trouxer soluções para as reuniões».
Numa saudação a todos os que participaram ou apoiaram esta permanência de dirigentes, a Fenprof reafirmou o que pretenderia ouvir do Ministério: «afirmar, institucionalmente, que abandonava a sua proposta de revisão do regime de concursos e se disponibilizava para negociar com as organizações sindicais um conjunto de outras matérias».
Durante a concentração de dia 16, no Rossio, o dirigente da Fenprof definiu «linhas vermelhas, que não podem ser ultrapassadas», em matéria de concursos: «Tudo o que for a colocação que não respeite o critério objectivo de graduação profissional e abra porta a outro tipo de colocações» (como a colocação por conselhos locais de directores ou por perfis de competências), as vagas que limitam o acesso ao 5.º e 7.º escalões, a recuperação do tempo de serviço congelado, a antecipação da aposentação e a mobilidade por doença.
Estas são posições convergentes com outras sete estruturas sindicais: ASPL, Pró-Ordem, Sepleu, Sinape, Sindep, SIPE e Spliu.
A Fenprof propôs ao ME, em Agosto, um «protocolo negocial para a legislatura» para resolver os vários problemas dos professores e da Escola Pública. Mário Nogueira insistiu, agora, admitindo negociações para definir faseamentos na execução das medidas reivindicadas.
Solidariedade do PCP
Durante a concentração de segunda-feira, no Rossio, o Secretário-geral do PCP reiterou a solidariedade do Partido «com a luta dos professores, uma luta que é justíssima, uma luta pelas suas carreiras, pela valorização das suas profissões, mas também uma luta pela escola pública».
Em declarações aos jornalistas, Paulo Raimundo destacou que esta luta «implica toda a gente, os pais, os alunos, os auxiliares e naturalmente os professores», e é «uma luta de todos os dias», já que «a escola pública é um desígnio nacional». Observou ainda que os professores se mobilizam «por uma questão que pode parecer subjectiva, mas que é fundamental», «o respeito pela sua profissão, pela sua dedicação, pela sua valorização».
Da delegação do Partido fez ainda parte Jorge Pires, membro da Comissão Política do Comité Central.
Também em expressão de solidariedade, Jorge Pires, responsável pela área da Educação naquele organismo de direcção, esteve, no dia 13, com Paula Santos (da Comissão Política e presidente do Grupo Parlamentar comunista), no encerramento do acampamento que a Fenprof manteve, desde dia 10, junto ao Ministério da Educação.
Na Assembleia da República, vai ter lugar, no dia 25, um debate de actualidade, requerido pelo PCP, com o tema «Defender a Escola Pública, respeitar e valorizar os professores e educadores».
Alteração na Madeira saudada
É «positiva a alteração de posição do Governo Regional e o reconhecimento da necessidade de se fazer justiça, vinculando professores que há muito são indispensáveis para o sistema de ensino», comentou a organização do PCP na região autónoma.
Numa nota de dia 15, reagindo ao anúncio de um procedimento de vinculação extraordinária, feito na antevéspera pelo presidente do Governo Regional, o Partido assinalou que tal «só foi possível devido à luta dos professores e das suas estruturas sindicais, assim como da visualização pública desta realidade, através da intervenção do PCP».
Trata-se de «uma vitória da classe docente», que «vai ao encontro das propostas que o PCP tem vindo a apresentar na Assembleia Regional para pôr fim à precariedade laboral» e que têm sido «sistematicamente chumbadas pelo PSD e CDS».
O PCP «vai continuar a acompanhar este processo», para verificar como serão feitas as referidas vinculações e quantos professores serão abrangidos, prosseguindo a acção «no sentido de garantir que para cada necessidade de trabalho permanente exista um vínculo laboral efectivo».