Forças de Segurança precisam de condições para cumprir missão

O PCP ouviu pro­fis­si­o­nais das Forças e Ser­viços de Se­gu­rança numa au­dição que se re­a­lizou no dia 13, no Porto, e contou com a pre­sença do Se­cre­tário-geral do Par­tido.

«Pro­fis­si­o­nais das forças e ser­viços de se­gu­rança podem contar com o PCP»

Entre di­ri­gentes de as­so­ci­a­ções pro­fis­si­o­nais e sin­di­cais das forças de se­gu­rança e agentes que par­ti­ci­param a tí­tulo in­di­vi­dual, cerca de 13 in­ter­ven­ções mar­caram a au­dição que teve lugar no salão da Junta de Fre­guesia de Mas­sa­relos, na ci­dade do Porto. São re­co­nhe­cidos a in­ter­venção e o vasto tra­balho do PCP na apre­sen­tação de pro­postas com vista à me­lhoria das con­di­ções de vida destes pro­fis­si­o­nais e do fun­ci­o­na­mento dos ser­viços de se­gu­rança pres­tados à po­pu­lação. Não obs­tante, na au­dição, pre­tendeu-se apro­fundar, ainda mais, a re­flexão e o co­nhe­ci­mento sobre estas mesmas áreas.

Para além de com­provar a im­por­tância que o PCP atribui às ques­tões de se­gu­rança in­terna e aos di­reitos dos pro­fis­si­o­nais que a as­se­guram, a aus­cul­tação que se re­a­lizou na sexta-feira pas­sada, de­mons­trou também a per­sis­tência de pro­blemas an­te­ri­or­mente iden­ti­fi­cados.

Pro­blemas reais

A As­so­ci­ação dos Pro­fis­si­o­nais da Guarda (APG-GNR), ini­ciou a dis­cussão com a ne­ces­si­dade de ga­rantir o di­reito a uma ver­da­deira ne­go­ci­ação. Para lá da au­sência do di­reito à greve, o pre­si­dente da APG-GNR re­feriu os vá­rios pro­blemas que existem no sub­sis­tema de saúde e as­sis­tência à do­ença, entre eles os des­contos sobre a 14 e não 12 meses.

Ad­mi­tindo a exis­tência de pro­blemas muito si­mi­lares com os que se vi­ven­ciam na GNR, a As­so­ci­ação Sin­dical dos Pro­fis­si­o­nais da Po­lícia (ASPP/​PSP) sa­li­entou, entre vá­rias ou­tras ques­tões, a falta de atrac­ti­vi­dade que se traduz na falta de novos can­di­datos e em di­fi­cul­dades em pre­en­cher os qua­dros da po­lícia. Esta questão, se­gundo o pre­si­dente da ASPP/​PSP, tem tido re­per­cus­sões no acesso ao di­reito à pré-apo­sen­tação e é ex­pli­cada, em parte, pela des­va­lo­ri­zação sa­la­rial de que estes pro­fis­si­o­nais têm sido alvo ao longo das úl­timas dé­cadas.

No le­van­ta­mento re­a­li­zado pelo Sin­di­cato da Car­reira de In­ves­ti­gação e Fis­ca­li­zação do SEF, sa­li­en­taram-se os pro­blemas que a in­cer­teza pro­vo­cada pelo anúncio da ex­tinção deste ser­viço têm pro­vo­cado no dia-a-dia e na pró­pria saúde dos seus pro­fis­si­o­nais.

Já a As­so­ci­ação Sin­dical dos Fun­ci­o­ná­rios da ASAE re­velou que o au­mento de com­pe­tên­cias as­su­midas por esta au­to­ri­dade não tem sido acom­pa­nhada pelo cor­res­pon­dente acrés­cimo de re­cursos hu­manos e fi­nan­ceiros.

Não po­dendo estar pre­sente por mo­tivos de agenda, a As­so­ci­ação Sócio Pro­fis­si­onal da Po­lícia Ma­rí­tima en­viou um ar­tigo do seu pre­si­dente em que se sa­li­entam os vá­rios pro­blemas pro­vo­cados com a en­trega dos portos à PSP, entre os quais a falta de res­postas às ne­ces­si­dades do ser­viço pú­blico a ser pres­tado, a du­pli­cação de ser­viços e de meios e a con­fli­tu­a­li­dade entre as vá­rias forças de se­gu­rança.

Foram ainda di­versas as in­ter­ven­ções que deram conta destes e de ou­tros pro­blemas e pre­o­cu­pa­ções.

Ca­pa­citar forças de se­gu­rança

«As forças de se­gu­rança de­sem­pe­nham um papel fun­da­mental para o País. Os ele­mentos que as cons­ti­tuem, entre ou­tras com­pe­tên­cias que têm em si de­le­gadas, ga­rantem o cum­pri­mento do di­reito à se­gu­rança das po­pu­la­ções», afirmou Paulo Rai­mundo ao en­cerrar a au­dição.

De­pois de fazer um apa­nhado das vá­rias in­ter­ven­ções que foram re­a­li­zadas na ini­ci­a­tiva, o Se­cre­tário-geral ainda su­bli­nhou que, para o PCP, o que é pre­ciso é «olhar de forma ra­ci­onal para o efec­tivo e geri-lo da me­lhor forma pos­sível em função das ne­ces­si­dades con­cretas de cada lo­ca­li­dade», «adoptar uma pos­tura pre­ven­tiva e não re­ac­tiva, as­sente no po­li­ci­a­mento de pro­xi­mi­dade e não no aquar­te­la­mento» e que não será o «uso de novas pos­si­bi­li­dades tec­no­ló­gicas, nem a mu­ni­ci­pa­li­zação da se­gu­rança» que re­sol­verão os pro­blemas.

«O PCP en­tende que as forças de se­gu­rança não devem ser ins­tru­men­ta­li­zadas para li­mitar as lutas dos tra­ba­lha­dores ou das po­pu­la­ções», afirmou ainda, acres­cen­tando que o PCP tem le­van­tado a ne­ces­si­dade de apro­fun­da­mento dos cri­té­rios de se­lecção e de re­forço de me­didas vi­radas para a for­mação e en­qua­dra­mento ope­ra­ci­onal que «re­forcem as ca­pa­ci­ta­ções de cada ope­ra­ci­onal e pre­vinam o de­sen­vol­vi­mento de con­cep­ções vi­o­la­doras dos va­lores e prin­cí­pios cons­ti­tu­ci­o­nais por parte de quem tem por missão a de­fesa da le­ga­li­dade de­mo­crá­tica».


Pro­postas do PCP

Ao longo da au­dição foram sendo de­mons­tradas al­gumas das pro­postas para as forças de se­gu­rança que o Grupo Par­la­mentar do PCP apre­sentou re­cen­te­mente na As­sem­bleia da Re­pú­blica. Ei-las, bem como o re­sul­tado da sua vo­tação:

- Ad­missão 2500 novos ele­mentos nas forças e ser­viços de se­gu­rança (re­jei­tado; contra – PS; abs­tenção – PSD e IL);

- Re­duzir em 0,5 por cento os des­contos para a SAD e que in­cidam sobre 12 meses e não 14 como acon­tece ac­tu­al­mente (re­jei­tado; contra – PS e PSD; abs­tenção – IL);

- Com­po­nente fixa do su­ple­mento de risco a 400 euros (re­jei­tado; contra – PS; abs­tenção – PSD, Chega, IL e BE);

- Pro­moção da se­gu­rança e saúde no tra­balho nas forças e ser­viços de se­gu­rança (re­jei­tado; contra – PS; abs­tenção – PSD);

- Ga­rantir que não há perda de re­mu­ne­ração por mo­tivo de gra­videz (re­jei­tado; contra – PS; abs­tenção – IL);

- Eli­minar a con­di­ci­o­nante das ad­mis­sões no acesso à pré-apo­sen­tação (re­jei­tado; contra – PS e PSD; abs­tenção – IL);

- Gestão de­mo­crá­tica do Sis­tema de As­sis­tência de SAD da GNR e PSP (re­jei­tada; contra – PS e IL);

- Início do es­tudo e dis­cussão para a cri­ação de uma po­lícia na­ci­onal de na­tu­reza civil em subs­ti­tuição da PSP e da GNR (re­jei­tado; contra – PS e PSD; abs­tenção – Chega, IL, PAN e Livre);

- Apro­vação do es­ta­tuto da con­dição po­li­cial (re­jei­tado; contra – PS, PSD e IL; abs­tenção: Chega);

- Ad­missão de 150 ele­mentos para o Corpo da Guarda Pri­si­onal (re­jei­tado; contra – PS; abs­tenção – PSD e IL);

- Re­gular o es­ta­tuto do Corpo da Guarda Pri­si­onal (re­jei­tado; contra – PS; abs­tenção – PSD e IL);

- Con­tra­tação de 50 psi­có­logos para os Es­ta­be­le­ci­mentos Pri­si­o­nais (re­jei­tado; contra – PS; abs­tenção – PSD e Chega);

- Pro­moção de 320 ele­mentos a guarda prin­cipal (re­jei­tado; contra – PS; abs­tenção – PSD e IL);

- Cri­ação de uma car­reira es­pe­cial única de téc­nico de rein­serção da DGRSP (re­jei­tado; contra – PS; abs­tenção – Chega e IL).



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