Protestos populares exigem renúncia da presidente do Peru
Prossegue a luta política e social no Peru, com milhares de manifestantes nas ruas a exigir a dissolução do Congresso, uma assembleia constituinte e a libertação de Pedro Castillo, o ex-presidente da República que se encontra na prisão desde 7 de Dezembro, quando foi destituído pelo parlamento.
Desde então, a repressão policial dos protestos populares, em distintas regiões do país, provocou 50 mortos e centenas de feridos, havendo também notícia de muitas pessoas detidas.
Enquanto prosseguem os cortes de estrada por todo o país e se espera, nos próximos dias, a chegada de milhares de manifestantes a Lima, a capital, a presidente interina, Dina Boluarte, anunciou que as «autoridades religiosas» peruanas expressaram a disposição de contribuir para o diálogo com os líderes sociais. Estes recusam-se a conversar com a chefe do Estado, cuja demissão exigem e a quem responsabilizam pela brutalidade da repressão policial.
As forças progressistas em luta consideram que Boluarte não tem condições para continuar no cargo, por ter actuado com oportunismo e arrivismo ao aliar-se com a maioria de direita do parlamento, que manteve uma oposição feroz ao ex-presidente Pedro Castillo, de quem ela era vice-presidente e de cujo governo fez parte. Reforçando esta ideia, um recente estudo de opinião publicado revela que Boluarte conta com mais de 70 por cento de desaprovação dos peruanos.
Neste contexto, as bancadas progressistas do Congresso propõem um roteiro que passe pela demissão da presidente. O porta-voz do partido Peru Livre, Flavio Cruz, defendeu que Boluarte deve renunciar ao cargo e dar lugar a uma figura de consenso que assuma a presidência e garanta neutralidade na transição e em novas eleições. O Partido Comunista Peruano apela à construção de uma «ampla unidade dos sectores populares» capaz de enfrentar a ditadura.