Manifestações populares no Brasil reforçam defesa da democracia
Em Brasília, apoiantes do ex-presidente Jair Bolsonaro assaltaram, vandalizaram e danificaram as sedes do Congresso e do Supremo Tribunal Federal e o Palácio do Planalto. O presidente Lula da Silva apela à defesa da democracia.
Em 50 cidades do Brasil realizaram-se manifestações em defesa da democracia
Lusa
Dezenas de milhares de pessoas saíram às ruas na segunda-feira, 9, em 50 cidades do Brasil, para protestar contra os actos antidemocráticos de cariz golpista levados a cabo na véspera, em Brasília, por apoiantes do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Em São Paulo, onde muitas dezenas de milhares de manifestantes se juntaram na Avenida Paulista, o secretário-geral da Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), Ronaldo Leite, afirmou que «a agenda golpista foi derrotada nas urnas» e que «o povo que votou na agenda da democracia deve exigir a punição de todos os golpistas».
As manifestações tiveram lugar também em Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e outras capitais estaduais. Foram convocadas por movimentos sociais, organizações sindicais e estudantis e outros integrantes das frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo «em defesa da democracia e contra o fascismo golpista».
As mobilizações foram uma resposta ao ataque perpetrado simpatizantes bolsonaristas, que assaltaram e vandalizaram as sedes do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal e o Palácio do Planalto, símbolos dos poderes legislativo, judicial e executivo do Brasil.
Na segunda-feira, os presidentes da República, Lula da Silva; da Câmara dos Deputados, Arthur Lira; do Senado, Vital Rêgo (em exercício); e do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber, reuniram-se na capital federal e repudiaram o golpismo, garantindo que serão tomadas «providências institucionais».
Numa nota, os presidentes dos três poderes do Estado «rejeitam os actos terroristas, de vandalismo, criminosos e golpistas» em Brasília. Conclamam a sociedade «a manter a serenidade em defesa da paz e da democracia» e realçam que «o país precisa de normalidade, respeito e trabalho para o progresso e justiça social da nação».
O presidente Lula da Silva encontrou-se com os governadores dos 27 Estados brasileiros, que condenaram os actos golpistas. O chefe do Estado denunciou a inacção e mesmo conivência das autoridades de segurança durante o ataque, informou que tinham sido detidas até agora cerca de 1500 pessoas envolvidas nos actos golpistas e assegurou que estão em curso investigações para se apurar todas as responsabilidades, incluindo a dos mandantes.
PCdoB defende
«punição rigorosa»
A presidente do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Luciana Santos, exigiu a «punição rigorosa» dos responsáveis pelos actos ocorridos no dia 8, em Brasília. «O fascismo e seus terroristas não irão deter a força do povo e a volta da esperança para a reconstrução do Brasil», garantiu.
Também o líder comunista na Câmara dos Deputados, Renildo Calheiros, considerou graves e intoleráveis os acontecimentos: «Não podemos tolerar as invasões terroristas como as deste domingo. São grupos criminosos, que agem orientados por um comando», insistiu.
Por sua vez, o Partido Comunista Brasileiro denuncia que está em curso um claro atentado às instituições democráticas, exige a apuração e punição imediata dos responsáveis e considera que «o momento exige uma resposta efectiva e articulada de todos os movimentos populares e sociais, entidades democráticas e Partidos de esquerda contra o neofascismo e seus grupos terroristas, com uma forte unidade de acção».
PCP condena acção golpista
contra a democracia no Brasil
O PCP condena veementemente os «actos de carácter golpista levados a cabo nas instituições do poder federal em Brasília contra a democracia no Brasil».
Em nota divulgada no dia 9, o PCP insta ao cabal apuramento dos factos pelas autoridades brasileiras e à «condenação e punição dos responsáveis pela instigação, promoção e participação directa nas acções golpistas reaccionárias».
Denunciando e repudiando as ameaças fascistas com que a democracia brasileira se defronta, e recordando que estes gravíssimos actos se inserem num processo de natureza fascizante tolerado e normalizado por alguns dos que agora o condenam, o PCP «apela à continuação da expressão da solidariedade para com a luta do povo brasileiro em defesa da democracia e pelos seus direitos».
O PCP reitera a sua solidariedade a Lula da Silva, ao PT, ao PCdoB e demais forças democráticas e progressistas brasileiras que se empenham num Brasil mais justo, democrático e desenvolvido, que concretize as aspirações do povo brasileiro.