O PCP e o assassinato de Amílcar Cabral, em 1973

Logo após o assassinato de Amílcar Cabral, perpetrado por agentes do colonialismo em 20 de Janeiro de 1973, o PCP expressou o seu veemente protesto e profunda indignação pelo ignóbil crime. A História confirmou a plena confiança, ali expressa, em que a sua luta prosseguiria até à vitória.

PCP manifestou «veemente protesto» e «profunda indignação» pelo assassinato do líder do PAIGC cometido pelo colonialismo

O PCP «inclina a sua bandeira e presta homenagem ao ardente patriota inteiramente devotado à luta de libertação do seu povo; ao revolucionário consequente dirigindo a construção de uma sociedade progressista na sua pátria libertada; ao inimigo irreconciliável do colonialismo português e amigo sincero do povo de Portugal, que considerou sempre um aliado na luta contra o inimigo comum», afirma a declaração do Partido, de 21 de Janeiro de 1973, subscrita pelo Secretariado do Comité Central.

O texto destaca que nem com a guerra criminosa, nem com a conspiração e actos de agressão contra a República da Guiné e o Senegal, nem com a «acção psicológica» e a demagogia, o governo fascista e colonialista de Lisboa conseguiu evitar sucessivos desaires militares e diplomáticos e suster o desenvolvimento da luta libertadora da Guiné-Bissau. Assegura que, apesar da dureza do golpe que para a luta dos povos da Guiné-Bissau e Cabo Verde, assim como para todo o movimento de libertação, representou o assassinato de Amílcar Cabral, «tão-pouco este crime dará aos colonialistas portugueses os resultados que dele esperam». E reafirma que o PAIGC e os povos da Guiné-Bissau e Cabo Verde «podem estar certos em todas as circunstâncias da inteira solidariedade e do activo e fraternal apoio do Partido Comunista Português».

A declaração, publicada em Fevereiro no Avante!, sublinha que «os inimigos dos povos das colónias portuguesas e do povo português são os mesmos. Os que assassinam os dirigentes e os combatentes dos movimentos de libertação nacional são os mesmos que prendem, torturam, condenam, assassinam dirigentes e militantes da classe operária e das forças democráticas portuguesas. As lutas dos povos das colónias portuguesas e do povo português são lutas estreitamente solidárias». E considera que «a solidariedade activa para com os povos da Guiné-Bissau, Angola e Moçambique é, em si mesma, uma expressão dos interesses profundos e vitais do próprio povo português».

Intervenção do PCP no Simpósio de Conakry

O simpósio de homenagem a Amílcar Cabral, realizado em Conakry, na República da Guiné, no dia 31 de Janeiro, foi um grande acto político no qual participaram 650 delegados de 75 países. Nele estiveram «representantes dos países socialistas e de quase todos os países africanos», noticiava o Avante! de Abril de 1973.

O simpósio, assim como as cerimónias fúnebres, «constituíram vibrantes condenações do colonialismo português e foram uma afirmação de solidariedade e confiança para com o PAIGC», informava. O PCP esteve representado por Pedro Soares, membro do seu Comité Central, em todos os actos públicos realizados por ocasião do funeral.

«A intervenção do representante do PCP no Simpósio foi várias vezes interrompida com aplausos e vivamente aplaudida no final», destacava. Ele denunciou «o crime monstruoso que roubou a vida de Amílcar Cabral, assim como os actos de terrorismo, de provocação e de guerra do colonialismo português». E sublinhou que «a luta contra a guerra colonial, pela paz, pelo regresso dos soldados, pelo início de negociações, pelo direito dos povos à imediata e completa independência constituem um objectivo central do nosso combate contra o regime fascista e colonialista».




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