Editorial

Dar voz a direitos e lutas

Aí está, neste início de ano, o peso da vida concreta, as dificuldades sentidas pelos trabalhadores e o povo, inseparáveis das injustiças que acompanham as opções da política de direita. Um dia a dia em que salários e pensões são cada vez mais escassos face ao aumento dos preços, à degradação do poder de compra, em que a larga maioria se vê confrontado com a escolha difícil entre ter meios para garantir alimento à mesa, dispor de casa e poder aquecê-la ou comprar os medicamentos prescritos.

 

É esta realidade que aparece submergida na cascata de casos que uns produzem e outros promovem, preenchendo noticiários e comentário político, reduzindo a vida do País a esses factos, secundarizando dificuldades reais da vida. Não se nega nem desvaloriza o significado político destes casos, casos a mais reconheça-se, mas que não são nem inéditos nem obra do acaso.

É no caldo de uma política dominada e contagiada por relações pouco transparentes entre o político e o económico que medram, se desenvolvem e são aproveitados por outros que, partilhando das mesmas opções, fazem, à falta de outros elementos de distinção com a política do Governo, o espaço para encenarem uma falsa oposição. Casos que ganham maior dimensão e aderência pública quanto convivem com a falta de resposta aos problemas. É essa resposta e soluções que é essencial não perder de vista.

Mais do que de mudar de ministros, é preciso mudar de política, ter outro rumo que garanta mais salário e pensões, melhores serviços públicos, controlo de preços, habitação, produção nacional. Para lá do vozear e do alarido mediático, a verdade é que quer o Governo do PS, quer PSD, CDS, Chega e IL confluem nessa política de apoio aos grupos económicos, que deixa à solta uma especulação que polariza lucros imensos construídos sobre o empobrecimento geral. Não há «censura» que resista à verificação de que aqueles que a agitam não só partilham da política que dizem censurar como a querem ver prosseguida e intensificada.

 

Mudar de política, abrir caminho a uma outra política, responder aos problemas – é esse o sentido da intervenção do PCP. É esse sentido alternativo que ontem ficou patente no debate parlamentar com o primeiro-ministro. É esse sentido de resposta que está presente no agendamento pelo Grupo Parlamentar, para hoje, do projecto-lei sobre a fixação de preços de bens essenciais, que contribuirá para elucidar posicionamentos. É esse sentido de dar expressão a problemas que marcará a iniciativa com reformados que contará com a participação do Secretário-geral ou a audição sobre o apoio às artes, ainda esta semana realizada.

É esse sentido de dar voz à luta e às aspirações dos trabalhadores que se viu nas acções junto dos trabalhadores da Exide e da Frismag. É esse sentido de afirmação desse caminho alternativo que se expressou na iniciativa sobre soberania alimentar, inseparável de uma opção que privilegie a produção nacional, a colocação dos recursos nacionais ao serviço do desenvolvimento, a defesa dos sectores e empresas estratégicas. Quando hoje alguns procuram surfar a inaceitável situação que envolveu uma secretária de Estado (omitindo que na sua origem está a a opção por estender a empresas públicas práticas utilizadas pelos grupos económicos em matéria de remunerações e outros privilégios dos seus gestores e administradores), o PCP, não prescindindo de ver apuradas todas as responsabilidades, não contribuirá para que esta ou qualquer outra Comissão Parlamentar de Inquérito se insira, como alguns pretendem, para acelerar e facilitar a privatização da TAP, quando aquilo que se impõe é a defesa e valorização da companhia colocando-a ao serviço do desenvolvimento do País.

 

Reforçar o Partido e a sua acção política, dar concretização às conclusões da Conferência Nacional realizada em Novembro passado, afirmar o PCP como a força que dá voz ao direitos e à luta dos trabalhadores, intervindo para responder ao que não pode ser adiado, ao mesmo tempo que aponta o caminho da ruptura e da alternativa – é neste sentido e objectivo que o colectivo partidário está convocado.


Dar voz a direitos e lutas

Aí está, neste início de ano, o peso da vida concreta, as dificuldades sentidas pelos trabalhadores e o povo, inseparáveis das injustiças que acompanham as opções da política de direita. Um dia a dia em que salários e pensões são cada vez mais escassos face ao aumento dos preços, à degradação do poder de compra, em que a larga maioria se vê confrontado com a escolha difícil entre ter meios para garantir alimento à mesa, dispor de casa e poder aquecê-la ou comprar os medicamentos prescritos.

 

É esta realidade que aparece submergida na cascata de casos que uns produzem e outros promovem, preenchendo noticiários e comentário político, reduzindo a vida do País a esses factos, secundarizando dificuldades reais da vida. Não se nega nem desvaloriza o significado político destes casos, casos a mais reconheça-se, mas que não são nem inéditos nem obra do acaso.

É no caldo de uma política dominada e contagiada por relações pouco transparentes entre o político e o económico que medram, se desenvolvem e são aproveitados por outros que, partilhando das mesmas opções, fazem, à falta de outros elementos de distinção com a política do Governo, o espaço para encenarem uma falsa oposição. Casos que ganham maior dimensão e aderência pública quanto convivem com a falta de resposta aos problemas. É essa resposta e soluções que é essencial não perder de vista.

Mais do que de mudar de ministros, é preciso mudar de política, ter outro rumo que garanta mais salário e pensões, melhores serviços públicos, controlo de preços, habitação, produção nacional. Para lá do vozear e do alarido mediático, a verdade é que quer o Governo do PS, quer PSD, CDS, Chega e IL confluem nessa política de apoio aos grupos económicos, que deixa à solta uma especulação que polariza lucros imensos construídos sobre o empobrecimento geral. Não há «censura» que resista à verificação de que aqueles que a agitam não só partilham da política que dizem censurar como a querem ver prosseguida e intensificada.

 

Mudar de política, abrir caminho a uma outra política, responder aos problemas – é esse o sentido da intervenção do PCP. É esse sentido alternativo que ontem ficou patente no debate parlamentar com o primeiro-ministro. É esse sentido de resposta que está presente no agendamento pelo Grupo Parlamentar, para hoje, do projecto-lei sobre a fixação de preços de bens essenciais, que contribuirá para elucidar posicionamentos. É esse sentido de dar expressão a problemas que marcará a iniciativa com reformados que contará com a participação do Secretário-geral ou a audição sobre o apoio às artes, ainda esta semana realizada.

É esse sentido de dar voz à luta e às aspirações dos trabalhadores que se viu nas acções junto dos trabalhadores da Exide e da Frismag. É esse sentido de afirmação desse caminho alternativo que se expressou na iniciativa sobre soberania alimentar, inseparável de uma opção que privilegie a produção nacional, a colocação dos recursos nacionais ao serviço do desenvolvimento, a defesa dos sectores e empresas estratégicas. Quando hoje alguns procuram surfar a inaceitável situação que envolveu uma secretária de Estado (omitindo que na sua origem está a a opção por estender a empresas públicas práticas utilizadas pelos grupos económicos em matéria de remunerações e outros privilégios dos seus gestores e administradores), o PCP, não prescindindo de ver apuradas todas as responsabilidades, não contribuirá para que esta ou qualquer outra Comissão Parlamentar de Inquérito se insira, como alguns pretendem, para acelerar e facilitar a privatização da TAP, quando aquilo que se impõe é a defesa e valorização da companhia colocando-a ao serviço do desenvolvimento do País.

 

Reforçar o Partido e a sua acção política, dar concretização às conclusões da Conferência Nacional realizada em Novembro passado, afirmar o PCP como a força que dá voz ao direitos e à luta dos trabalhadores, intervindo para responder ao que não pode ser adiado, ao mesmo tempo que aponta o caminho da ruptura e da alternativa – é neste sentido e objectivo que o colectivo partidário está convocado.