O regresso dos livros proibidos

Anabela Fino

«Um ataque ao conhecimento e ao pensamento crítico», é como Randi Weingarten, presidente da Federação Americana de Professores, classifica a campanha que extremistas de direita estão a levar a cabo para banir das bibliotecas escolares, das salas de aula e mesmo das bibliotecas públicas livros sobre racismo, questões de género, sexualidade ou com uma visão da história dos EUA que lhes desagrade.

O movimento censório está a crescer. Um relatório de Abril de 2022 da PEN America, organização centenária dedicada à promoção da liberdade de expressão, revela que entre Julho de 2021 e Junho de 2022 ascendeu a 5049 o número de escolas públicas, em 138 distritos escolares em 32 estados, que se envolveu na proibição de livros.

Entre os mais intrépidos censores estão organizações como Parents Defending Education, Parents Rights in Education, No Left Turn in Educação e Moms for Liberty, que o director da PEN América, Jonathan Friedman, classifica de «fanáticas».

«Esses grupos trabalham em conjunto. Trocam informações. Isso não acontece por acaso. O mimetismo leva a que os mesmos livros sejam proibidos em muitos lugares ao mesmo tempo», adverte.

A direita norte-americana está a usar as bibliotecas como uma forma de atacar e destruir a educação e as bibliotecas públicas, únicas acessíveis à população carenciada. Um estudo de 2021 conduzido pela American Library Association revelou que, em 2019, havia 19,5% menos bibliotecas de escolas públicas do que na década anterior, com muitas comunidades rurais e de baixo rendimento a fechar as suas instalações devido a cortes orçamentais.

A aclamada democracia norte-americana está a ser corroída internamente, enquanto a Casa Branca e o Pentágono apostam nas armas para impor a hegemonia mundial dos EUA. São os (perigosos) estertores do império.

 



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